Introdução: A intervenção coronária percutânea primária (ICPP) é o tratamento de escolha no infarto agudo do miocárdio com elevação do segmento ST(IAMCSST). A fibrinólise com tenecteplase (TNK) dentro de uma estratégia fármaco-invasiva (EFI) é uma alternativa factível para alguns serviços. Nosso objetivo é analisar os pacientes submetidos a EFI e identificar preditores de mortalidade intra-hospitalar nesta população.
Métodos: De janeiro de 2010 a setembro de 2020, 2.710 pacientes foram tratados pela rede de IAM, através de EFI, de 14 centros primários. TNK foi administrada até 12h após início dos sintomas, caso não alcançassem um Hospital com ICP dentro de 90 minutos. Sistematicamente, foram transferidos para um único hospital terciário e realizaram ICP entre 2-24 horas ou imediata (sem critérios de reperfusão). Os dados foram coletados prospectivamente e analisados retrospectivamente identificando preditores de mortalidade.
Resultados: 2.710 pacientes submetidos a EFI a mortalidade hospitalar por todas as causas ocorreu em 151 pacientes (5,6%), reinfarto em 47 (1,7%) e acidente vascular encefálico isquêmico em 33 (1,2%). Sangramento maior ocorreu em 73 pacientes (2,7%), incluindo 19 casos (0,7%) de sangramento intracraniano. Choque cardiogênico ocorreu em 365 pacientes (13,4%). Os preditores independentes de mortalidade foram: maior idade (OR 1,06 IC 95% 1,03-1,08), choque cardiogênico (OR 19,9 IC 95% 12,3-32,4), classificação de Killip-Kimball pré-fibrinolítico ≥ 2 (OR 2,26 IC 95% 1,15-4,42), maiores valores séricos admissionais de creatinina (OR 1,37 IC 95% 1,12-1,69) e de troponina (OR 1,03 IC 95% 1,01-1,05).
Conclusão: Nesta rede pública de IAM, submetidos a EFI, os resultados de mortalidade geral (5,6%) são semelhantes ao descrito para o tratamento padrão ouro (ICPP). Contribuíram para mortalidade hospitalar nesta população a maior idade, choque cardiogênico, Killip >2 pré trombólise e níveis séricos admissionais de creatinina e troponina.