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Hipertensão Arterial Sistólica Isolada em Adulto Jovem associada ao Uso de Testosterona: Um Relato de Caso.

P. H. GUTEMBERG SILVEIRA , ANTONIO GABRIELE LAURINAVICIUS, FERNANDO NOBRE
INSTITUTO DANTE PAZZANESE DE CARDIOLOGIA - - SP - BRASIL, HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE RIBEIRÃO PRETO - - SP - BRASIL

Introdução:

A suplementação de testosterona para fins estéticos e de melhora do desempenho físico é uma prática cada vez mais comum e que preocupa em função dos riscos associados. Este caso descreve um paciente jovem com hipertensão arterial sistólica isolada associada ao uso crônico de testosterona.

Apresentação do Caso:

Paciente de sexo masculino, 35 anos, procurou atendimento devido a dor precordial e dispneia aos esforços há seis meses. Relatava uso regular de testosterona intramuscular (Deposteron®) e nandrolona (Deca-Durabolin®), além de levotiroxina (175 μg/dia) e paroxetina (25 mg/dia). Ao exame físico, apresentava índice de massa corporal (IMC) aumentado (29,4kg/m²). A pressão arterial estava significativamente elevada, com média de 174/78 mmHg durante a consulta e 161/82 mmHg em medições ambulatoriais anteriores. Os exames laboratoriais revelaram testosterona total >3000 ng/dL (valor de referência: 300-800 ng/dL), creatinina elevada (1,6 mg/dL), dislipidemia (LDL: 187 mg/dL, HDL: 39 mg/dL, colesterol total: 256 mg/dL, triglicerídeos elevados) e TSH dentro da normalidade. A MAPA de 24h mostrou pressões sistólicas persistentemente elevadas (Vigília: 155/70mmHg; Sono: 166/60mmHg). Velocidade de Onda de Pulso: 6,8m/s. A polissonografia confirmou apneia obstrutiva do sono grave (índice a apneia/hipopneia: 61,8/h). O eletrocardiograma revelou alteração da repolarização ventricular com padrão de strain em parede inferolateral, mas a pesquisa de isquemia com ecocardiograma associado a estresse físico foi negativa. Foi recomendada suspensão imediata do uso de testosterona e anabolizantes. A terapia anti-hipertensiva foi iniciada com olmesartana 20 mg associada a hidroclorotiazida 12,5 mg, além de rosuvastatina 10 mg/dia.  Após 40 dias sem testosterona, houve normalização da pressão arterial. A dosagem de testosterona total caiu drasticamente para 156 ng/dL, e a função renal apresentou discreta melhora (TFG estimada de 57 mL/min/1.73 m²).

Discussão:

Entre os possíveis efeitos adversos da testosterona se incluem aumento da resistência vascular, a retenção de sódio e a piora da função endotelial, contribuindo para o aumento da pressão arterial sistólica. Além disso, sua combinação com exercícios resistidos de alta intensidade e a presença de apneia obstrutiva do sono em função do aumento do IMC podem potencializar seus efeitos cardiovasculares adversos. O aumento do uso indiscriminado de testosterona para fins estéticos e de performance física constitui um fator de risco cardiovascular emergente, principalmente em adultos jovens.

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