Introdução: A intervenção coronária percutânea primária (ICPP) é o tratamento de escolha para o IAMCSST. No entanto, a fibrinólise com tenecteplase (TNK) dentro de uma estratégia fármaco-invasiva (EFI) em pacientes com choque cardiogênico (CC) ainda carece de publicações. Nosso objetivo foi analisar os pacientes com e sem CC submetidos à EFI e identificar preditores de mortalidade intra-hospitalar no grupo com CC.Métodos:Entre 2010 e 2020, 2.710 pacientes foram tratados pela EFI em uma rede de atendimento ao IAM de 14 centros primários. TNK foi administrada até 12 horas após o início dos sintomas para aqueles que não chegavam a um hospital com capacidade para ICP em até 90 minutos. Após a fibrinólise, todos foram transferidos sistematicamente para um único hospital terciário. Os dados foram coletados prospectivamente e analisados retrospectivamente para a identificação de preditores de mortalidade.Resultados: Dos 2.710 pacientes submetidos à EFI, 365 (13,4%) evoluíram com CC. Comparados ao grupo sem CC, esses pacientes apresentaram maior idade (61,0 vs.57,8 anos;p<0,001), maior prevalência de diabetes (38,6% vs. 29,8%;p<0,001), doença renal crônica (15,6% vs. 5,3%;p<0,001), doença vascular periférica (6,5% vs.3,9%; p=0,023) e hipertensão arterial sistêmica (65,2% vs 59,4%;p=0,036). Além disso, apresentaram escores de risco mais elevados (GRACE: 177,4 vs. 107,1; p<0,001 e CRUSADE: 40,62 vs.24,81;p<0,001) e menor taxa de trombólise com sucesso (29,5% vs.71,3%;p<0,001). Nas características angiográficas, os pacientes com CC apresentaram maior prevalência de lesões multiarteriais (75,8% vs. 52,8%;p<0,001) e fenômeno de no-reflow (9,86% vs. 2,99%; p<0,001).Os desfechos intra-hospitalares também foram piores no grupo CC, com maior incidência de sangramento maior (12,3% vs. 1,2%; p<0,001), necessidade de transfusão sanguínea (10,3% vs. 0,9%; p<0,001), acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico (4,5% vs. 0,7%; p<0,001) e AVC hemorrágico (2,2% vs. 0,6%; p=0,03). A mortalidade intra-hospitalar foi maior no grupo CC (34,2% vs. 1,5%; p<0,001). Os preditores independentes de mortalidade no CC foram: idade (OR 1,05; p<0,001), sexo feminino (OR 2,2; p=0,012) e obesidade (OR 1,07; p=0,016).Conclusão:Nesta coorte de mundo real, a idade avançada, o sexo feminino e a obesidade foram preditores de mortalidade hospitalar em pacientes com CC submetidos à EFI. Estes desfechos foram semelhantes aos descritos em séries de ICPP, contrastando com a mortalidade menor observada no grupo sem CC.