INTRODUÇÃO
A cardio-oncologia, área médica em expansão, com apenas 11% dos programas de cardiologia dos EUA oferecendo treinamento formal a respeito, objetiva prevenir e tratar doenças cardiovasculares (DCV) em pacientes oncológicos, que são mais propícios às referidas patologias. Identificar desafios, reduzir riscos e melhorar a qualidade de vida estão no escopo final. A categoria, embora emergente, enfrenta obstáculos que requerem uma avaliação mais aprofundada para serem mitigados.
MÉTODOS
Trata-se de uma revisão sistemática de literatura que abrange artigos de 2019 a 2025 da base de dados PubMed (MEDLINE). Ao todo foram selecionados, dentre os 25 artigos previamente eleitos, 12 artigos com os descritores “Cardio-Oncology”, “Cardiotoxicity” e “Rehabilitation”, e incluíram-se meta-análises, ensaios clínicos randomizados e estudos observacionais em inglês, abordando pacientes que fizeram tratamentos oncológicos e desenvolveram doenças cardíacas. Foram excluídos artigos sem conteúdos relevantes para essa revisão.
RESULTADOS
A análise dos estudos apontou que as classes de terapias utilizadas, o estágio do câncer e variáveis associadas (como sexo, idade e tempo de diagnóstico), além dos fatores de risco cardiovasculares clássicos (diabetes, hipertensão, dislipidemia e tabagismo), atuam como componentes que, combinados, aumentam o risco de eventos cardíacos. Um estudo que analisou 7,5 milhões de pacientes com câncer de 1973 a 2015 revelou que homens, afrodescendentes, solteiros, com câncer restrito e diagnosticados há mais tempo apresentaram maior taxa de óbito por DCV entre os casos analisados. Também foi demonstrado que determinantes sociais de saúde, como fatores econômicos, culturais, acessibilidade ao tratamento e efeitos do racismo estrutural, têm uma forte influência em vários aspectos da cardio-oncologia. Mulheres negras com câncer de mama tiveram maior risco de cardiotoxicidade por quimioterapia, com queda significativa na fração de ejeção ventricular esquerda (24% vs. 7% em brancas, P < 0,01). Nesse grupo, a mortalidade cardiovascular foi até 1,73 vezes maior, e a interrupção do tratamento por efeitos cardíacos, 4,6 vezes mais frequente. (OR =4,6; IC 95%:1,70–13,07; P=0,002).
CONCLUSÃO
Desse modo, pode-se concluir que existem diversos fatores que aumentam o risco de eventos cardíacos após o câncer, como idade, sexo, tabagismo e doenças cardiovasculares prévias. Devido a isso, faz-se necessária a adoção de medidas preventivas para reduzir tais complicações, destacando-se o monitoramento precoce, mudança de estilo de vida e tecnologias avançadas.