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Desafios e desfechos materno-fetais da gravidez em cardiopatas de alto risco: análise em um centro de referência.

Mariana Ienne Ferreira , Giovanna Moreira Papini , Fábio Bruno da Silva , Felipe Favorette Campanharo, Laís Costa Marques
INSTITUTO DANTE PAZZANESE DE CARDIOLOGIA - - SP - BRASIL

INTRODUÇÃO: Sabe-se que a sobrecarga imposta pelas modificações hemodinâmicas fisiológicas da gravidez pode agravar quadro de cardiopatia prévia devido à descompensação do sistema cardiovascular. Portanto, a gestação em mulheres cardiopatas está associada a altos índices  de morbidade e mortalidade do binômio materno-fetal. O estudo tem como objetivo analisar os desafios e desfechos maternos e fetais ao longo da gestação, parto e puerpério de mulheres cardiopatas de alto risco e identificar as variáveis presumíveis de prognóstico. METODOLOGIA: Estudo de caráter observacional retrospectivo realizado em um único centro de cardiologia. No período de 6 anos (2017-2022) 464 gestantes portadoras de cardiopatia foram incluídas no registro cardiológico do hospital. Dentre elas, foram selecionadas 115 gestações incluídas nos riscos III e IV da classificação da Organização Mundial de Saúde modificada (mOMS) de risco à gravidez para cardiopatias, 12 foram excluídas devido à ausência de desfechos e duas optaram pelo aborto terapêutico. RESULTADOS: Das 101 gestações analisadas, observou-se discreto predomínio de lesões de base congênita (52,5%). Apenas 35,6% das gestações transcorreram sem complicações maternas ou fetais. No total, foram registrados 46 casos (45,5%) de complicações maternas, sendo as obstétricas (28,7%) mais frequentes do que as cardiovasculares (21,8%) e em 17 casos (16,8%) a hospitalização foi necessária. A descompensação da insuficiência cardíaca foi o evento adverso mais prevalente (15,8%), e houve um óbito decorrente de dissecção aórtica em paciente com Síndrome de Marfan e aorta dilatada em mais de 50 mm. Quanto aos desfechos fetais, foram identificados 14 abortamentos, 26 casos de prematuridade (25,7%) e 22 recém-nascidos (21,8%) com baixo peso. A cesariana foi a principal via de parto, correspondendo a 75,95% dos casos. Além disso, as complicações fetais foram significativamente mais frequentes em gestantes com prótese valvar mecânica (p<0,05). CONCLUSÃO: A gestação em mulheres cardiopatas de alto risco continua a representar um grande desafio clínico. O manejo da descompensação cardíaca é complexo, uma vez que os sintomas fisiológicos da gravidez podem se sobrepor aos sinais de insuficiência cardíaca, dificultando o diagnóstico precoce e a intervenção adequada. Além disso, a anticoagulação em portadoras de próteses mecânicas exige um equilíbrio cuidadoso, devido aos riscos fetais associados. O seguimento cardiológico constante e o planejamento familiar são pontos chave no acompanhamento dessas mulheres. 

 

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