Introdução: O tratamento intervencionista percutâneo (ICP) ou cirúrgico na doença arterial coronária comparado ao tratamento médico otimizado é objeto de controvérsia. Este estudo busca elucidar os achados das estratégias intervencionistas do estudo ISCHEMIA comparado ao tratamento médico otimizado.
Objetivo: Avaliar e comparar o efeito de estratégias eletivas de ICP com stents farmacológicos de segunda geração, cirurgia de revascularização miocárdica (CRM), e TMO sobre desfechos cardiovasculares e não cardiovasculares.
Método: Revisão sistemática e metanálise conforme Cochrane e PRISMA, registrado na plataforma Open Science. A busca foi realizada nas bases MEDLINE (PubMed), Embase, CENTRAL (Cochrane Library), CINAHL e LILACS. Foram incluídos ensaios clínicos randomizados com pacientes submetidos à revascularização do miocárdio com stents de everolimus/zotarolimus ou CRM, e aqueles submetidos ao tratamento médico otimizado. Os desfechos foram mortalidade geral, cardiovascular e não cardiovascular, infarto, AVC e revascularização repetida (MACCE). A meta-análise foi conduzida no Revman e a qualidade das evidências foi avaliada pelo sistema GRADE.
Resultados: A busca nas bases de dados resultou em 3.508 estudos e 11 foram incluídos. A ICP apresentou tendência de maior mortalidade não cardiovascular em relação ao CRM em 5 anos de seguimento (RR: 1,25; IC95%: 1,00–1,56) e maior mortalidade por todas as causas em 3 anos (RR: 1,20; IC95%: 1,02–1,42) e 5 anos de seguimento (RR: 1,23; IC95%: 1,04–1,45). MACCE foi maior no tratamento médico otimizado em 1 ano de seguimento (RR: 1,32; IC95%: 1,12–1,56), enquanto CRM apresentou menor incidência em relação ao ICP em 5 anos (RR: 0,74; IC95%: 0,61–0,88). ICP teve maior taxa de revascularização repetida do que CRM em 3 anos (RR: 1,85; IC95%: 1,55–2,20), mas menor que tratamento médico otimizado (RR: 0,58; IC95%: 0,45–0,75). O infarto agudo do miocárdio foi mais frequente no ICP vs. CRM no seguimento de 5 anos (RR: 1,30; IC95%: 1,09–1,56). O GRADE indicou alta confiança no maior risco de revascularizações repetidas no ICP e tendência de maior mortalidade e infarto.
Conclusão: A mortalidade por todas as causas foi maior em ICP do que CRM, sem benefício em relação ao tratamento médico otimizado. A mortalidade cardiovascular tende a ser menor em CRM do que em ICP e menor em ICP do que em tratamento médico otimizado, sem significância estatística. MACCE é menos frequente em CRM do que em ICP, e em ICP do que em tratamento médico otimizado.