Resumo: A técnica "valve-in-valve" com fissuração do anel protético "cracking" refere-se a um procedimento utilizado no tratamento de válvulas bioprotéticas aórticas degeneradas. Está indicado em pacientes de alto risco cirúrgico que não são candidatos para cirurgia convencional. O termo "cracking" refere-se à fratura intencional do anel da válvula utilizando um balão de alta pressão. Está técnica aumenta a área do orifício efetivo da válvula, melhorando a hemodinâmica ao reduzir os gradientes transvalvulares e minimizando o risco de mismatch paciente-prótese. É uma intervenção segura e eficaz quando realizada por operadores experientes em centros de alto volume.
Métodos: Relatamos o caso de uma paciente de 83 anos, hipertensa, diabética, troca valvar aórtica biológica há 17 anos. Paciente interna com quadro de síncope e insuficiência cardíaca perfil B. Apresentava ecocardiograma transtorácico que evidenciava disfunção grave da prótese biológica em posição aórtica, com FE de 61%. Calculado risco cirúrgico pelo escore STS de 29%, sendo indicado valve-in-valve aórtica com técnica de fissuração do anel protético. Procedimento realizado com fratura de bioprótese valvar com balão de alta pressão, seguida de implante transcateter de valva aórtica Evolut R número 23. Paciente evoluiu bem após procedimento, recebendo alta no 4º dia pós-operatório em acompanhamento ambulatorial.
Conclusões: O implante percutâneo da valva aórtica valve-in-valve com fissuração do anel, tem demonstrado ser segura e eficaz, embora aumente o risco operatório devido à manipulação adicional necessária para fraturar o anel da válvula. É importante a escolha do balão e o momento do "cracking" em relação à implantação da válvula transcateter. A técnica valve-in-valve com "cracking" representa uma abordagem inovadora e minimamente invasiva para o tratamento de válvulas bioprotéticas aórticas degeneradas, especialmente em pacientes de alto risco conforme descrito no caso relatado.