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Miocardiopatia Dilatada Secundária à Hipocalcemia Grave: Relato de Caso

Christian Kunde Carpes, JOSE ROBERTO DE OLIVEIRA SILVA FILHO, Lucas Lentini Herling de Oliveira, Daniel Silva Santos, Mariana Barradas Silva Borges, Mayra Pamela Castro Gallegos, Miriam Marques Nogueira Rocha, Jéssica Coltri Barros Borelli, Amanda Amanda Motti Chorres, SERGIO HENRIQUE PACIULLO MAROSSI
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Introdução: A Insuficiência Cardíaca (IC) tem alta prevalência e oneroso impacto econômico global. No Brasil, os casos aumentaram de 0,67 milhão em 1990 para 1,7 milhão em 2017,  tendência reproduzida internacionalmente. O envelhecimento populacional e avanços terapêuticos justificam, em parte, esse crescimento. Considerar etiologias incomuns, muitas vezes subdiagnosticadas, é essencial nesse novo contexto, visando o manejo adequado destes pacientes.

Relato de Caso: Homem, 70 anos, hipertenso, com insuficiência mitral primária tratada com plastia em 2014 e novamente em 2024, é encaminhado ao pronto-socorro por queda importante da fração de ejeção ventricular (FEVE). Apresentava dispneia aos pequenos esforços, edema de membros inferiores e parestesias. Relatava ainda primeira crise convulsiva há dois meses, em uso de antiepiléptico por neurologista. Exame físico com sinais de congestão sistêmica, eletrocardiograma com QTc prolongado (620 ms) e ecocardiograma com FEVE de 20% (FEVE prévia de 55% há 5 meses). Durante a investigação o paciente revelou antecedente de tireoidectomia total há 10 anos, com uso irregular das medicações prescritas. Exame físico com sinal de Trousseau positivo. Confirmou-se hipocalcemia severa (cálcio iônico: 0,51 mmol/L). A correção do distúrbio foi realizada, com normalização do cálcio. Ressonância magnética descartou miocardite, doenças infiltrativas e isquemia, sugerindo miocardiopatia dilatada  de etiologia metabólica. Teve alta após ajuste da calcemia. Ecocardiograma de controle três semanas após revelou melhora parcial da função ventricular (FEVE 30%),  com calcemia adequada.

Discussão: A hipocalcemia tem causas como pós-cirúrgica (ressecção de paratireoides), lise tumoral, doença renal e uso de fármacos (diuréticos, antiepilépticos, quimioterápicos, antibióticos, antifúngicos). Por seu papel no acoplamento excitação-contração, reduz o inotropismo, levando a queda da FEVE e baixo débito, dromotropismo e lusotropismo. O manejo desafiador exige tratar congestão e corrigir calcemia, pois tais situações podem resistir a diuréticos e digitálicos.

 

Conclusão: A hipocalcemia é uma causa rara e potencialmente subdiagnosticada de insuficiência cardíaca. Casos como o apresentado reforçam a importância de uma boa investigação clínica e metabólica em pacientes com disfunção ventricular inexplicada. O tratamento adequado pode evitar complicações graves e até mesmo  recuperar a função cardíaca, reduzindo a necessidade de intervenções agressivas e otimizando o prognóstico do paciente.

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