INTRODUÇÃO: Pericardite constritiva resulta de um processo inflamatório no pericárdio, fibrose e calcificação, com perda de sua complacência, limitação ao enchimento ventricular e redução do volume sistólico. Relaciona – se a infecções, doenças do tecido conectivo, radioterapia mediastinal, cirurgia torácica e, raramente, à malignidade. O processo constritivo pode não ser uniforme e a fisiopatologia clássica presente em graus variados, tornando o diagnóstico desafiador. Os métodos de imagem são fundamentais no diagnóstico e, apesar dos avanços, a determinação etiológica pode ser ainda mais desafiadora. RELATO DE CASO: Mulher, 62 anos, portadora de psoríase, ex-tabagista, queixa de epigastralgia. Eletrocardiograma normal e tomografia torácica com nódulo mediastinal anterior de 2,5 cm. Evolui com pico febril, marcadores inflamatórios elevados. Em nova tomografia, moderado derrame pleural, espessamento e derrame pericárdico. Ecocardiograma transtorácico acusou derrame pericárdico leve sem repercussão hemodinâmica. Iniciado tratamento de pericardite com colchicina e ibuprofeno, com melhora clínica. Após 1 mês, com recorrência de dor, provas inflamatórias em ascensão. Ecocardiograma evidenciou espessamento pericárdico, traves em espaço pericárdico, sinais de constrição e derrame pericárdico laminar. Espessamento pericárdico e “septal bounce” à ressonância magnética cardíaca, corroborando o diagnóstico de pericardite constritiva. Descartada doença reumática imunomediada como etiologia. Submetida à ressecção do nódulo mediastinal, biópsia de pericárdio e pleura, definindo ausência de malignidade, lesão cística possivelmente relacionada à timoma. Relatamos o caso de uma paciente com dor tóraco-abdominal recorrente e achados semiológicos e laboratoriais insuficientes para diagnóstico definitivo. O ecocardiograma foi essencial no diagnóstico a partir da avaliação pericárdica, movimentação septal e fluxos valvares. A ressonância magnética teve papel complementar, corroborando os achados ecocardiográficos. Quanto à etiologia, são raros relatos na literatura relacionando timoma com pericardite constritiva. CONCLUSÃO: Pericardite constritiva é diagnóstico diferencial incomum e desafiador de dor torácica. Sua apresentação clínica é variada e os métodos de imagem fornecem informações essenciais para diagnóstico, determinação de repercussão hemodinâmica e avaliação prognóstica.