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Cirurgia Multivalvar vs. Univalvar: uma análise comparativa contemporânea de características clínicas e desfechos

Fernanda C. Tessari, Vitor Emer Egypto Rosa, Daniella Cian Nazzetta, Mariana Pezzute Lopes, Carlos A. H. M. Campos, Amanda Maria Vieira de Sousa, Camila Eduarda Andrade, João Ricardo Cordeiro Fernandes, Roney Orismar Sampaio, Flávio Tarasoutchi
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

A cirurgia multivalvar (intervenção em 2 ou mais válvulas) é associada a maior mortalidade cirúrgica e menor sobrevida a longo prazo. Entretanto, estudos são antigos, heterogêneos e com baixa representatividade de países em desenvolvimento, onde a doença reumática é prevalente. Objetivo:comparar dados clínicos e desfechos entre pacientes submetidos a cirurgia uni e multivalvar. Métodos:pacientes submetidos a cirurgia valvar nativa foram categorizados em grupos de cirurgia uni e multivalvar. Foi realizada análise comparativa de características clínicas, etiologia e desfechos em 30 dias, além de avaliados preditores de mortalidade cardiovascular. Resultados:foram analisados 645 casos de cirurgia valvar, sendo 564 uni e 81 multivalvares. Não houve diferenças significativas em relação a idade, sexo e principais comorbidades (Tabela1). No entanto, o grupo univalvar apresentou menor incidência de fibrilação atrial (FA), maior prevalência de doença coronariana e maior clearance de creatinina. Ao ecocardiograma, pressão sistólica na artéria pulmonar e diâmetros de câmaras esquerdas foram maiores no grupo multivalvar, mas com fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) semelhante entre grupos. A doença reumática foi predominante na estenose (94%) e insuficiência mitral (36,2%), enquanto a doença degenerativa foi mais comum na estenose (77,9%) e insuficiência aórtica (36,2%). Pacientes reumáticos foram prevalentes, especialmente multivalvares (Tabela2). No grupo univalvar, predominou troca de válvula aórtica (51,8%) e mitral (33,2%), enquanto no multivalvar, troca de válvula aórtica ocorreu em 59,3% e mitral em 46,9%, plástica mitral em 48,1% e tricúspide em 21%. Tempo de circulação extracorpórea e anóxia foram maiores no grupo multivalvar, mas sem diferença nos desfechos em 30 dias (Tabela3). Na análise de regressão logística, a cirurgia multivalvar não foi preditor de mortalidade (OR:1,578, IC95%0,855-2,915, p=0,145). Os preditores foram: diabetes (OR:2,247, IC95%1,232-4,096,p=0,008), cirurgia cardíaca prévia (OR:2,094, IC95%1,085-4,041,p=0,028), FA (OR: 1,938, IC95%1,081-3,472,p=0,026), FEVE (OR: 0,962, IC95%0,942-0,982,p<0,001), hemoglobina (OR:0,805, IC95%0,704-0,920,p=0,001) e clearance de creatinina (OR:0,969, IC95%0,956-0,981,p<0,001). Conclusão:apesar de diferenças clínicas e ecocardiográficas, a cirurgia multivalvar apresentou desfechos semelhantes aos da univalvar, contrariando dados da literatura. Tal achado pode ser atribuído a avanços técnicos na intervenção valvar, contribuindo para melhores resultados mesmo em pacientes mais complexos. 

 

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