Introdução: A detecção de congestão antes da alta hospitalar por insuficiência cardíaca agudamente descompensada (ICAD) identifica pacientes com maior risco de eventos após internação. Testamos o uso de ultrassom à beira do leito após esforço sub-máximo pelo teste de caminhada de 6 minutos (TC6m) para aumentar a detecção de congestão residual subclínica em pacientes pré-alta hospitalar (PAH) por ICAD. Métodos: Investigamos 100 pacientes hospitalizados por ICAD dos quais 71 (71%) puderam submeter-se ao TC6m na PAH, idade de 54,8±12,8 anos, 59% masculinos, FEVE = 23% (19,0-28,0), tempo de internação de 11,1±5,8 dias. Pacientes foram avaliados na PAH com ultrassom pulmonar (USP) avaliando 8 campos pulmonares para detecção de linhas B (LB), sendo positivo para congestão se > 1 campo pulmonar mostrasse > 3 LB. O ultrassom de veia cava inferior (USVCI) foi considerado positivo se o calibre expiratório da VCI > 21 mm no repouso e positivo no esforço se houver aumento do calibre e valor final > 21 mm. Desfechos clínicos de uso de furosemida endovenosa (FURO), re-internação por ICAD (REIN) e morte por qualquer causa foram monitorados na fase vulnerável de 90 dias após a alta hospitalar. Resultados: A distância percorrida no TC6m foi 366,0±104,7 m, sendo que 26,8% dos pacientes não atingiram > 300 m. USP em repouso detectou congestão residual em 21 (30%) dos pacientes, sendo que 11 (15,7%) pacientes adicionais foram detectados com USP após esforço. Pelo emprego do USVCI 23 (34,3%) dos pacientes apresentaram acentuação da congestão após esforço. Vinte pacientes (28,2%) apresentaram desfechos na fase vulnerável, sendo 10 (14%) FURO, 9 (12,7%) REINT e 4 (5,6%) mortes. Na análise de regressão de Cox univariada, testando a associação com desfechos clínicos, o USP positivo após esforço apresentou Relação de Risco (RR) = 7,66 (IC 95%: 1,70-34,47), p = 0,008 e USVCI positivo após esforço, RR = 5,97 (IC 95%: 1,37-26,0), p = 0,017 para FURO. Para eventos de IC (FURO ou REIN), o USP positivo após esforço apresentou RR = 6,39 (IC 95%: 1,57-25,75), p = 0,009 e o USVCI positivo após esforço apresentou RR = 4,84 (IC 95%: 1,53-15,29), p = 0,007. Na análise de regressão multivariada, tanto USP quanto USVCI positivos após esforço associaram-se de forma independente a FURO e eventos de IC (tabela). Conclusão: O emprego de USP e USVCI após TC6m amplia a detecção de congestão subclínica em significativa proporção de pacientes em PAH por ICAD, identificando pacientes com maior risco de eventos de IC na fase vulnerável.