Introdução:
A fibrilação atrial (FA) é uma arritmia frequente no pós-operatório de cirurgia cardíaca, especialmente nos primeiros cinco dias. Está associada a comorbidades, maior tempo de hospitalização e complicações, como eventos cardioembólicos. Frequentemente assintomática, sua detecção precoce é essencial. Tecnologias como smartwatches que utilizam fotopletismografia podem auxiliar nesse diagnóstico.
Caso:
Homem, 58 anos, com dislipidemia e doença arterial coronariana, apresentou dispneia progressiva após atividade física, buscando atendimento dois dias depois. Chegou ao hospital com taquipneia e dessaturação, necessitando máscara não reinalante. Exames confirmaram insuficiência respiratória aguda secundária a prolapso da valva mitral. No quinto dia após o início dos sintomas, foi submetido à plastia mitral com ressecção de P2 e anuloplastia com anel semirrígido, sem intercorrências.
No quarto dia pós-operatório, até então estável, relatou mal-estar e sensação de taquicardia. Utilizando um Apple Watch, registrou um eletrocardiograma (ECG) que detectou FA. Comunicou a equipe, que realizou ECG convencional 50 minutos depois, evidenciando ritmo sinusal sem alterações.
Diante da detecção prévia pelo smartwatch, iniciou anticoagulação plena com enoxaparina e amiodarona em dose de ataque. Apresentou novos episódios de FA nos quatro dias subsequentes à alta.
Discussão:
A FA pós-operatória exige abordagem precoce, incluindo anticoagulação plena devido ao risco tromboembólico. No entanto, sua alta reversibilidade pode dificultar a confirmação por ECG convencional. Neste caso, mesmo com um intervalo curto entre o sintoma e o ECG, a arritmia já havia cessado.
Conclusão:
O uso de wearables, como smartwatches, demonstra ser uma ferramenta útil para a detecção precoce da FA, complementando os métodos tradicionais. Esses dispositivos permitem monitoramento contínuo, não invasivo e acessível, auxiliando na identificação de arritmias e contribuindo para uma abordagem mais eficaz, inclusive em pacientes internados.