Introdução: Mixomas atriais são os tumores cardíacos primários mais comuns, geralmente encontrados no átrio esquerdo (AE), podendo também ocorrer no átrio direito (AD), embora com menor frequência (incidência de 70% e 18%, respectivamente). A apresentação desses é distinta, variando desde assintomáticos a sintomas de insuficiência cardíaca (IC), eventos tromboembólicos e obstrutivos. Trazemos um caso de um paciente jovem em investigação de dispneia decorrente de um mixoma atrial direito.
Relato de caso: Homem, 27 anos, previamente hígido, procura o ambulatório por quadro de palpitações iniciado há 1 ano, associado a dispneia classe funcional II de NYHA há 4 meses. Referia, também, dois episódios de síncope com pródromos no período. Negava demais sintomas. Ao exame físico, sem sinais de congestão direita e esquerda. Eletrocardiograma de repouso em ritmo sinusal, Holter 24h com extrassístoles ventriculares raras (densidade < 1%) e teste ergométrico negativo para isquemia. Ecocardiograma (ECO) transtorácico evidenciava fração de ejeção preservada, ausência de valvopatias e presença de imagem ovalada hiperecogênica em AD, de contornos bem definidos, aderido ao septo interatrial, medindo 46 x 35 mm, que se insinua pela via de entrada do ventrículo direito gerando gradiente médio de 3 mmHg, sugestiva de mixoma atrial direito. Paciente jovem, sintomático, sem embolizações prévias, indicado então cirurgia de exérese de mixoma.
Discussão: Os sintomas de pacientes com mixomas variam en função do tamanho e da localização do tumor. Os mixomas de AD são mais raros e podem apresentar-se com sintomas de IC direita e tromboembolismo pulmonar. No caso acima, o paciente foi diagnosticado antes de apresentar sinais de congestão venosa, como hepatomegalia, ascite e edema periférico. Ao exame físico, um murmúrio sistólico de alta intensidade pode ser escutado em casos de tumores móveis, que se insinuam para o ventrículo. O ECO é um importante exame complementar, de fácil acesso e baixo custo, para diagnóstico e seguimento dessa condição, configurando-se como etapa fundamental e primária na investigação de dispneia. A ressonância magnética é útil para avaliar tamanho, localização e morfologia do tumor. A ressecção cirúrgica é a terapia de escolha e deve ser performada no momento do diagnóstico, pelo risco de obstrução valvar e eventos embólicos.
Conclusão: Na investigação de dispneia, patologias primárias cardíacas devem ser consideradas. O ECO, um exame de fácil acesso, é importante para suspeição inicial de mixoma atrial, uma causa rara porém tratável de IC.