Introdução: As quedas são uma grande preocupação para os idosos, especialmente aqueles com hipertensão, uma condição que afeta de 60 a 70% das pessoas com mais de 60 anos. O enrijecimento arterial está emergindo como um possível fator de risco para quedas, mas seu mecanismo ainda não está totalmente esclarecido. Este estudo tem como objetivo explorar a associação entre enrijecimento arterial, variabilidade da pressão arterial e risco de quedas em idosos hipertensos.
Métodos: Este estudo transversal incluiu pacientes hipertensos com idade igual ou superior a 75 anos atendidos em um hospital de referência entre julho de 2023 e março de 2024. O enrijecimento arterial foi medido por meio da velocidade da onda de pulso carotídeo-femoral (VOPcf). A variabilidade da pressão arterial foi avaliada pelo desvio-padrão (DP) da pressão arterial (PA) no monitoramento ambulatorial da pressão arterial por 24 horas (MAPA). O histórico de quedas foi registrado por meio de questionário, e testes físicos, como o Timed Up and Go e a Escala de Equilíbrio de Berg (EEB), foram utilizados para estimar o risco de quedas. A fragilidade foi determinada pela escala FRAIL.
Resultados: Foram incluídos 98 participantes, com mediana de idade de 78 anos (76-81), sendo 67 (68,4%) do sexo feminino. Quarenta (40,8%) relataram pelo menos uma queda no último ano. A mediana da VOPcf da população foi de 13,0 m/s (12,1 – 15,1). Os grupos foram categorizados em tercis de VOPcf (m/s): 11,2 (10,1-12,1) vs. 13,0 (12,6-13,7) vs. 16,85 (15,1-17,8), p < 0,001; sem diferença significativa na frequência de indivíduos frágeis entre os grupos [6 (18,2%) vs. 4 (12,1%) vs. 7 (21,9%)], p = 0,417. Um aumento da VOPcf foi associado a uma maior frequência de hipotensão ortostática medida no consultório [2 (6,1%) vs. 4 (12,1%) vs. 11 (34,4%)], p = 0,007; e a piores resultados na EEB [53,0 (50,0-55,5) vs. 53,0 (50,0-56,0) vs. 51,0 (48,3-53,0)], p = 0,030. No entanto, não houve diferença significativa na frequência de quedas [12 (36,4%) vs. 14 (42,4%) vs. 14 (43,8%)], p = 0,811; ou no teste Timed Up and Go [11,2 (10,1-12,1) vs. 12,3 (10,0-16,5) vs. 14,2 (11,5-17,1) segundos], p = 0,460. Participantes com VOPcf mais baixa apresentaram menor DP da PA no MAPA (DP da PA sistólica: 13,1 vs. 15,3 vs. 15,0, p = 0,043; DP da PA diastólica: 8,9 vs. 10,5 vs. 10,2, p = 0,002).
Conclusão: O aumento do enrijecimento arterial foi correlacionado com hipotensão ortostática, comprometimento do equilíbrio e variabilidade da pressão arterial, mas não diretamente com a frequência de quedas.