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Pós-transplante cardíaco em paciente com mutação no gene FKTN e sua relação com doença vascular do enxerto

Matheus Carvalho Alves Nogueira, Matheus Carvalho Alves Nogueira, Fabiana Goulart Marcondes Braga, Sandrigo Mangini, Hernán Patricio García Mejía, José Ricardo Ribeiro Miguel Scandiuzzi, Marjorie Hayashida Mizuta, Lucas Vieira Lacerda Pires, José Eduardo Krieger, Fernando Bacal
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Paciente de 38 anos, feminino, submetida a transplante cardíaco em agosto/2006, aos 20 anos. Portadora de cardiomiopatia dilatada genética associada ao gene da fukutina (FKTN), conforme teste genético liberado em 2024.

Apresentou rejeição humoral entre agosto e setembro/2006, submetida a pulsoterapia e plasmaférese, e um episódio de rejeição celular aguda 2R em setembro do mesmo ano, sem recorrências.

No pós-transplante, usou sirolimus, diltiazem e sinvastatina (10-20 mg). Em maio/2008, a estatina foi suspensa por creatinofosfoquinase (CPK) de 2253 UI/L, caindo para 336 em duas semanas. Em março/2010, a CPK de 1932 impediu a reintrodução da estatina. Sinvastatina 10 mg foi retomada em outubro/2011, mas suspensa em dezembro por CPK de 2706. Entre 2013 e 2014, manteve CPK acima de 1000 sem estatina, já com sinais de doença vascular do enxerto (DVE): lesões de 30% no tronco da coronária esquerda e 30% na coronária direita (CD) em cateterismo de 2012. Em 2014, tentou-se atorvastatina 20 mg, suspensa em outubro por CPK de 1844. Em julho/2015, teve alteração segmentar ao eco de repouso (discreta hipocinesia em parede inferior), com fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 65%, assintomática. Novo cateterismo revelou progressão da DVE (lesão de 70% em CD). Realizada angioplastia de CD em agosto/2015, necessária nova angioplastia em outubro/2019 por reestenose de 80% em stent prévio. Internou em abril/2024 por infarto agudo do miocárdio sem supra, com nova lesão intra-stent de 80%, submetida a angioplastia com balão e implante de novo stent.

Interconsulta com a Neurologia em fevereiro/2025 confirmou distrofia muscular leve, sem contraindicação ao uso de estatina, com a recomendação de associar coenzima Q10. Dessa forma, prescreveu-se atorvastatina 10 mg.

Segundo o OMIM (Online Mendelian Inheritance in Man) e o Clingen (Clinical Genome Resourse), variantes bialélicas em FKTN têm uma associação definitiva com miopatia e distrofias musculares que podem cursar também com cardiomiopatia dilatada. A distrofia muscular pode se apresentar de três formas: distroglicanopatia tipo A 4 (com anomalias cerebrais e oculares); distroglicanopatia tipo B 4 (forma menos grave sem prejuízo ao desenvolvimento intelectual); e distroglicanopatia tipo C 4 (forma mais leve de distrofia muscular de membros e cinturas).

Relatos sobre acometimento cardíaco em variantes da FKTN são escassos, especialmente em transplantados. Este relato aborda uma paciente com distrofia muscular leve e cardiomiopatia dilatada, transplantada em 2006, com DVE após longos períodos sem tolerar estatina.

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