Introdução: As alterações na repolarização ventricular estão associadas a arritmias ventriculares e maior mortalidade. Em não-dippers, a associação com as alterações na repolarização são controversas.
Métodos: Estudo observacional e transversal, realizado em um serviço terciário de hipertensão arterial. Com objetivo de comparar medidas de repolarização ventricular (intervalos QT, QTc, Tp-Tf, Tp-Tf/QT e QTd) em hipertensos dippers e não-dippers, hipertensos controlados e não controlados, e entre resistentes e não resistentes. Estimado um N=130 pacientes para identificar diferenças de até 8 ms de Tp-Tf com poder de 90% e nível de significância de 5%. Os resultados foram calculados por regressão linear ajustada por idade.
Resultados: Incluídos 130 participantes, 68% mulheres, idade média de 67,4 anos e 72% com lesão de órgão alvo. 95% com dislipidemia, 87% diabetes ou pré-diabetes, 30% com doença renal crônica, 97% com terapia antihipertensiva combinada, sem diferenças entre os grupos. Não encontramos diferenças nas medidas de repolarização ventricular entre dippers e não-dippers, bem como controlados e não controlados. Entretanto, entre hipertensos resistentes e não resistentes, evidenciado respectivamente um intervalo QT em V5 (433,3ms x 420,9ms, p= 0,046), Tp-Tf em V2 (85,4ms x 78,7ms, p=0,049), Tp-Tf em V5 (84,6 ms x 74,6ms, p= 0,006), Tp-Tf/QT em V5 (0,19 x 0,18, p= 0,019), índice de Sokolov-Lyon (18,8mm x 15,7mm, p=0,011) e índice de Cornell (14,2mm x 11,2mm, p=0,002).
Conclusão: Nesta população de hipertensos de maior gravidade e múltiplas comorbidades, não encontramos diferença entre as medidas de repolarização quando comparamos dippers e não-dippers. Entretanto, este foi o primeiro estudo a demonstrar aumento das medidas de repolarização ventricular em pacientes com hipertensão resistente.