A doença arterial coronariana (DAC) é responsável por cerca de 610.000 mortes anuais. Em 2022, houve 315 milhões de casos de DAC global e continua sendo a principal causa de morte súbita cardíaca em atletas com mais de 35 anos, sendo que os sintomas precedem o evento em apenas 12%–36% dos casos. O teste ergométrico (TE) é um exame de triagem comum para detectar alterações isquêmicas em atletas, no entanto, entre aqueles com TE positivo, apenas 30% tinham DAC > 50%. A angiotomografia das artérias coronárias (ATCC) tem sensibilidade e especificidade superiores a 90% para detecção de estenoses coronárias significativas. Apresentamos uma série clínica de atletas master e sua correlação entre o teste ergométrico em esteira (TEE) e a ATCC na identificação da DAC. Métodos:O registro incluiu 105 atletas master acompanhados no departamento de cardiologia esportiva de um hospital terciário de referência em cardiologia na cidade de São Paulo. Todos os pacientes realizaram TEE e ATCC, indicados por alterações no TEE, risco cardiovascular superior a 10% pelo escore de Framingham, histórico familiar de DAC ou dor torácica atípica. Os principais esportes praticados foram maratonas e corridas em montanha (>50%). Os principais fatores de risco encontrados foram dislipidemia, tabagismo e hipertensão. Resultados:Todos os pacientes realizaram o TEE, dos quais 44 foram normais (41,91%) e 61 foram positivos para isquemia (58,09%). Quando a ATCC foi realizada nesses pacientes, 17 (38,63%) daqueles com TEE normal apresentaram aterosclerose na ATCC, dos quais 3 (7%) eram significativos. Entre os pacientes com TEE alterado (44,26%), 27 (44%) apresentaram aterosclerose na ATCC, dos quais 12 (20%) eram significativos. Conclusão:O estudo reflete sobre a real segurança do uso do TE como único exame de triagem para DAC em atletas master. Como descrito em outros estudos, a presença de fatores de risco e TE positivo para isquemia miocárdica tiveram baixo valor discriminativo para identificar indivíduos com maior carga aterosclerótica, devido à baixa correlação entre o resultado do TEE e o resultado da ATCC. Esse método não invasivo tem ganhado espaço devido à sua alta sensibilidade e especificidade na detecção da DAC. No entanto, são necessários mais estudos para correlacionar o grau de aterosclerose encontrado na ATCC com o risco cardiovascular. É importante compreender o perfil das comorbidades da população avaliada.