Introdução: As doenças cardiovasculares permanecem como a principal causa de mortalidade em nível global, representando 35% de todas as mortes entre mulheres, as quais apresentam manifestações clínicas distintas relacionadas à doença isquêmica do coração (DIC), além de fatores de risco (FR) atípicos e específicos do sexo feminino que podem se sobrepor a fatores clássicos. Descrição do caso: Mulher de 45 anos, apresentou quadro de dor torácica típica, recebeu diagnóstico de infarto agudo do miocárdio (IAM) sem supradesnivelamento de segmento ST, com curva de troponinas positiva. Admitida em hospital terciário para estratificação invasiva. Não possuía fatores de risco (FR) prévios conhecidos, alterações hormonais, antecedentes obstétricos (G0P0A0) ou história familiar de doença coronária prematura, porém os valores de Colesterol Total (CT) e LDL-c apresentavam-se alterados à admissão (Tabela 1). Apresentava ausculta cardíaca com bulhas rítmicas, sem sopros, ausculta pulmonar sem alterações, frequência cardíaca de 66 bpm, pressão arterial de 110x70 mmHg em ambos os membros superiores e saturação periférica de oxigênio 98% em ar ambiente. Cineangiocoronariografia evidenciou Artéria Coronária Direita (ACD)dominante, com 80% de obstrução por lesão aterosclerótica em terço distal. Realizada angioplastia coronária após pré dilatação com balão. Demais artérias coronárias isentas de processo aterotrombótico. Ecocardiograma transtorácico mostrou fração de ejeção em 65% e ausência de trombos intracavitários. Avaliação de FR atípicos para DAC incluiu investigação para doenças hemato e reumatológicas na qual encontraram-se positivas duas dosagens de Anti-beta-2-Glicoproteína IgG com janela de 12 semanas entre os exames, concluindo-se o diagnóstico de Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide, e iniciada terapia medicamentosa com varfarina e clopidogrel e após 01 ano mantida apenas varfarina, além de tratamento otimizado para hipercolesterolemia com Atorvastatina 80mg e Ezetimiba 10mg e em investigação para hipercolesterolemia familiar. Discussão: O caso relatado traz à luz a necessidade do conhecimento de outros fatores de risco que podem se correlacionar para a ocorrência de DIC nas mulheres. Além disso, este relato busca sanar a escassez de informações acerca de quadros semelhantes na literatura médica, auxiliando dessa forma o raciocínio clínico, o diagnóstico e o tratamento destas pacientes.
