Introdução: A angina refratária (AR) é uma condição debilitante e desafiadora no processo de reabilitação cardíaca (RC), caracterizada por sintomas anginosos crônicos que persistem apesar da terapia médica otimizada e da impossibilidade de revascularização. A estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) explora correntes elétricas aplicadas por meio de eletrodos no tórax, para estimular fibras aferentes de grande diâmetro, promovendo a modulação da dor e possibilitando melhor tolerância aos esforços. Apresentação dos casos: Caso 1: Masculino, 56 anos, com diagnóstico de doença arterial coronariana (DAC), submetido a múltiplas intervenções percutâneas e cirúrgicas, sem indicação de nova revascularização, em tratamento clínico otimizado. Quatro internações por AR em 1 ano. Iniciou RC e após 12 sessões com TENS associada ao exercício aeróbico, apresentou progressão na velocidade e tempo de caminhada contínuo, redução da frequência e intensidade da angina, além de aumento de 30m no teste de caminhada de 6 minutos (TC6M), com melhora relatada na qualidade de vida e sem nova internação. Caso 2: Masculino, 74 anos, hipertenso, dislipidêmico, com DAC obstrutiva sem possibilidade de revascularização e em tratamento clínico otimizado. Iniciou RC por AR, com episódios diários de dor aos mínimos esforços. A TENS foi introduzida na 4ª sessão, resultando em progressão da velocidade na esteira de 4 para 6km/h, com inclinação de 2%, aumento do tempo de aeróbico de 15 para 30 minutos contínuo, ganho de 80m no TC6M e melhora dos escores de qualidade de vida, ansiedade e depressão. Caso 3: Feminino, 60 anos, dislipidêmica, com angina aos mínimos esforços. Cineangiocoronariografia sem DAC obstrutiva, porém com presença de isquemia em parede anterolateral e segmento lateroapical em cintilografia miocárdica. Apresentava internações prévias para controle de dor, em vigência de terapia médica otimizada. Encaminhada à RC, manteve limitação ao exercício após 12 sessões. Foi associada a TENS ao exercício aeróbico, evoluindo após 36 sessões com progressão da intensidade e tempo de caminhada, com aumento de 150m no TC6M e melhora referida da ansiedade e qualidade de vida. Conclusão: A TENS tem sido explorada como opção terapêutica no tratamento da AR, por ser não invasiva, com efeitos colaterais mínimos, além de eficácia relatada na literatura. A incorporação dessa ferramenta na RC pode favorecer a melhora da capacidade funcional e qualidade de vida em pacientes com AR.