Introdução:O implante valvar aórtico transcateter (TAVI) surgiu 2002, inicialmente como opção de tratamento em pacientes com risco cirúrgico proibitivo. Ao longo desses 20 anos, estabeleceu-se como opção de tratamento para pacientes com estenose aórtica, independente do risco cirúrgico. Em 2021, foi incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS), indicado para pacientes acima de 75 anos, com contraindicação à troca valvar cirúrgica. Métodos: Coorte observacional, prospectiva, que incluiu prospectivamente pacientes submetidos a TAVI em único centro terciário de Cardiologia do Sistema Único de Saúde, no período compreendido entre dezembro/2020 e janeiro/2025. Resultados:408 pacientes, com idade média de 77.5 anos (± 6.4), 52,2% do sexo masculino, com alta prevalência de comorbidades cardiovasculares (82% hipertensos, 65.9% dislipidêmicos, 34% diabéticos, 23% nefropatas crônicos, 15.7% coronariopatas prévios), a maioria em classe funcional II (43.7%). Baixo risco cirúrgico avaliado pelo STS (3.32 ±2.18) e EuroSCORE II (4.0 ± 3.76). Etiologia degenerativa foi a principal (83.1%), com aproximadamente 16% de pacientes bivalvulares e 1% de reumáticos. Em relação ao procedimento, o acesso transfemoral foi realizado em 99% dos casos, com volume de contraste aproximado de 115 (± 36.5); as próteses balão-expansíveis foram utilizadas em 73.2% dos casos. O sucesso do procedimento foi alcançado em 98,5% dos casos, com tempo médio de 3,17 dias até a alta hospitalar. Os distúrbios de condução (10.5%) foram o principal evento adverso intra-hospitalar, com necessidades de marca-passo em 7.5% dos casos. Complicações vasculares ocorreram em 5.8% dos casos e hemorrágicas em 1.7%. A mortalidade intra-hospitalar foi 1.9%. Conclusão: Os resultados desta coorte reforçam que o TAVI é uma alternativa segura e eficaz para o tratamento da estenose aórtica, com alta taxa de sucesso e baixa mortalidade intra-hospitalar. Além disso, a rápida recuperação, com baixo tempo médio de internação, evidencia o impacto positivo da técnica na otimização dos recursos hospitalares. Apesar da ocorrência de distúrbios de condução e necessidade de marca-passo em uma parcela dos pacientes, as taxas de complicações foram relativamente baixas. Esses achados corroboram o papel crescente do TAVI como uma estratégia consolidada no manejo da estenose aórtica, contribuindo para a ampliação do acesso a terapias avançadas no SUS.