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Resgatando a experiência clínica: introduzindo recomendações de nível E (ética) nas diretrizes clínicas.

Bruno Caramelli, AE Fernandes, LD Bichuette, MP Lottenberg, FAM Cardozo, MC Guimarães, CCB Uemura, JCL da Cruz, MFS Castro, DM Gualandro
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL, University Hospital Basel - Basel - Suiça - Suiça

 

Introdução: A prática da medicina moderna é baseada principalmente em evidências científicas. No entanto, a experiência clínica também é importante, especialmente quando as evidências científicas são escassas ou impossíveis de obter. As diretrizes clínicas que orientam a prática médica utilizam níveis de evidência para classificar recomendações. O nível de evidência C está relacionado à opinião consensual de especialistas, estudos de caso ou ao padrão de cuidado. Apesar do avanço da medicina baseada em evidências, levantamos a hipótese de que sempre haverá algumas condições clínicas cujo tratamento, ferramentas diagnósticas ou intervenções não poderão ser submetidos a estudos de maior nível de evidência devido a restrições éticas.

Objetivo: Planejamos um estudo piloto para identificar a porcentagem de recomendações classificadas como nível C nas diretrizes mais recentes. Além disso, buscamos identificar aquelas que não poderiam ser testadas em ensaios clínicos devido a restrições éticas.

Métodos: Analisamos diretrizes relacionadas ao cuidado cardiovascular publicadas pela Sociedade Brasileira de Cardiologia entre 2015 e 2024. Buscamos determinar a prevalência de recomendações classificadas como nível de evidência C. Em seguida, solicitamos a dois cardiologistas jovens e independentes (LDB e MPL), nos primeiros 5 anos de prática, que identificassem recomendações de nível C em que restrições éticas impediriam a realização de um ensaio clínico, e atribuíssem a essas recomendações um novo nível de evidência, denominado nível E.

Resultados: Identificamos 2.903 recomendações em 36 diretrizes, das quais 1.258 (43,33%) foram classificadas como nível de evidência C. Os cardiologistas LDB e MPL reclassificaram, respectivamente, 568 (19,56%) e 297 (10,23%) dessas recomendações para o nível de evidência E, apresentando um nível de concordância baixo a moderado (índice kappa 0,323).

Conclusões: Na cardiologia clínica, é comum encontrar recomendações que não são respaldadas por evidências de alto nível. Apesar da diferença nos resultados da reclassificação para o nível E de evidência, há uma porcentagem significativa de recomendações que permanecem nessa categoria devido a preocupações éticas quanto à realização de ensaios clínicos. Em nossa visão, esses achados representam um resgate da experiência clínica no suporte à prática médica, um aspecto que tem sido negligenciado. A diferença observada na proporção de evidência nível E entre os dois avaliadores sugere a necessidade de estudos adicionais.

 
 
 

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