Introdução:
As Arritmias quando não controladas, podem desencadear a taquicardiomipatia que é uma causa importante da disfunção ventricular esquerda e de insuficiência cardíaca. Os mecanismos fisiopatológicos ainda não são totalmente esclarecidos, mas pode ser consequência da frequência cardíaca elevada, assincronia ventricular ou irregularidade do ritmo.
A taquicardia atrial (TA) é uma arritmia com potencial de desenvolvimento de taquicardiomiopatia. O ritmo é originado a partir da ativação de áreas atriais distintas do nó sinusal, por mecanismo de automatismo, atividade deflagrada ou microreentradas.
Métodos:
Paciente do sexo feminino, 16 anos, hígida. Nega histórico familiar de cardiopatia, tabagismo e etilismo. Admitida no pronto atendimento com queixa de fraqueza e palpitações. Relata que nos últimos 2 meses vinha tendo episódios recorrentes de pré-sincope, dor torácica mal definida associado a cansaço progressivo. Eletrocardiograma - ECG com achados de taquicardia supraventricular, sendo administrada adenosina via endovenosa. Figura 1
Novo ECG evidencia Taquicardia atrial (Figura 2). Administrado metoprolol endovenoso para controle de frequência.
Ecocardiograma transtoracico - ECOTT com fração de ejeção do ventrículo esquerdo (VE) de 26%. Aumento discreto do volume átrio esquerdo, dilatação moderada do ventrículo esquerdo. A função contrátil global do ventrículo esquerdo diminuída devido a presença de hipocinesia difusa importante de suas paredes. Presença de discreto derrame pericárdico.
O controle de frequência com beta bloqueador, não foi efetivo, mantendo quadro de taquicardia atrial incessante, sendo indicada a ablação por cateter de radiofrequência com mapeamento eletroanatômico.
Resultados:
O mapeamento eletrofisiológico do átrio esquerdo e da região do apêndice atrial esquerdo (AAE) evidencia foco no interior do AAE. Após aplicações de radiofrequência a 30 - 40 watts houve interrupção da arritmia. Aplicado estimulação atrial programada e infusão de isoproterenol, sem indução de arritmia.
Eletrocardiograma pós-ablação em ritmo sinusal. Figura 3.
Após 4 semanas foi realizado novo ECOTT, notasse significativa melhora dos parâmetros, fração de ejeção do VE de 45%, volume atrial é normal e demais cavidades com seus diâmetros conservados. Pericárdio normal.
Conclusão:
A taquicardiomipatia é uma causa importante de disfunção ventricular esquerda e de insuficiência cardíaca que pode ser potencialmente reversível após o controle da arritmia cardíaca. A ablação por radiofrequência é uma alternativa em casos refratários a tratamento clinico.