Introdução: A insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFEr) tem alta morbimortalidade, e o sexo pode influenciar sua progressão. O objetivo deste estudo foi avaliar as diferenças na evolução da fração de ejeção (FEVE) entre homens e mulheres.
Métodos: Estudo retrospectivo com 2929 pacientes (>18 anos) com ICFEr (2 ECOs com intervalo ≥180 dias). Comparou-se sexo, etiologia, comorbidades e evolução da FEVE. O desfecho primário foi a transição para insuficiência cardíaca com fração de ejeção melhorada (ICFEme), composta pelos pacientes que evoluíram para ICFE levemente reduzida (ICFElr) e preservada (ICFEp). Métodos estatísticos: regressão logística, Cox e Kaplan-Meier.
Resultados: A idade média foi de 61,1±13,5 anos, 1068 mulheres (36,5%) e 1861 homens (63,5%), a FEVE média = 29,8±6,7%. As mulheres tiveram maior prevalência de cardiomiopatia dilatada idiopática (CMD) e hipertensiva, apresentaram FEVEinicial superior à dos homens (30,3% vs. 29,6%, p=0,02), maior incremento da FEVE durante o seguimento (38,1% vs. 35,7%, p<0,001) e menor mortalidade (20,4% vs. 27,1%, p<0,001). Os homens tiveram maior prevalência de IC isquêmica (p<0,001). Evoluíram para ICFEme: 32,7% (957 pac) – ICFElr: 15,2% e ICFEp: 17,5%. A mortalidade foi menor no grupo ICFEme (15,2% vs. 29,3%, p<0,001). O sexo masculino (OR=0,7), etiologia Chagásica (OR=0,7), IM prévio (OR=0,6) e história de AVC (OR=0,4) foram preditores independentes (p<0,001) de não melhora da FEVE, enquanto a etiologia valvar foi associada com melhora da FEVE (OR=1,5; p=0,012). As comorbidades e ICFEr persistente foram associados com aumento da mortalidade. Figura: mulheres com ICFEme tiveram melhora da sobrevida.
Conclusão: As mulheres com ICFEr apresentaram melhora da fração de ejeção ao longo do seguimento e menor mortalidade. Esses achados reforçam a importância da estratificação da IC com abordagem sexo-específica.