Introdução: O padrão eletrocardiográfico de Wellens associado a sinais e sintomas de síndrome coronariana aguda é um marcador de gravidade entre os casos de Infarto Agudo do Miocárdio Sem Supradesnivelamento do Segmento ST (IAMSSST). No entanto, estratificação invasiva de urgência em pacientes com esta apresentação oriundos de Unidades de Pronto Atendimento ainda configura desafio para a rede pública de saúde. Este trabalho visa descrever os achados angiográficos em pacientes assistidos pelo programa, responsável por auxiliar no manejo das SCA de alto risco na rede pública de Salvador (PIAM), com este padrão de eletrocardiograma.
Métodos: Dentre todos 167 pacientes atendidos pela rede pública de Salvador no período de 2022-2023, foram incluídos nesta coorte apenas aqueles com IAMSSST e que apresentaram padrão eletrocardiográfico de Wellens com indicação de realizar CATE de urgência. Variáveis avaliadas: presença de oclusão coronariana (lesão de 100% ou fluxo TIMI 0), não-oclusão coronariana (lesão moderada-grave de 70-99%); óbitos na fase aguda. Variáveis categóricas foram apresentadas como frequência e porcentagem.
Resultados: Foram registrados um total de 19 casos. A lesão coronariana obstrutiva significativa não-oclusiva (NOCA), esteve presente em 57,8% (n=11); 10,5% (n=2) apresentaram oclusão total (OCA); 26,3% (n=5) não apresentaram lesões obstrutivas e 5,2%(n=1) veio a óbito antes de realizar CATE. O padrão de Wellens tipo I foi o mais prevalente, representando 73,6% (n=14). Do total, 57,8% foram do sexo masculino (25 a 82 anos - DP 16,74). A artéria mais acometida entre os CATE com lesão crítica foi a descendente anterior, com 53,8% (n=10), seguido do acometimento biarterial com 23% (n =4); a coronária direita e o acometimento triarterial foram responsáveis por 15,3% dos casos cada. Ocorreu 1 óbito após a realização do CATE.
Conclusão: O padrão eletrocardiográfico de Wellens associado a sintomas de síndrome coronariana aguda demonstrou-se relacionado ao padrão coronariano obstrutivo grave não oclusivo (NOCA), e com expressiva gravidade na fase aguda. São necessárias estratégias para otimizar o acesso destes pacientes a centros de referência para adequado manejo a exemplo do programa assistencial praticado na rede pública de Salvador.