Introdução: O tabagismo, além de fator de risco para doenças crônicas, tem relação com a composição corporal, ligada às complicações metabólicas e cardiovasculares. A relação da circunferência abdominal/ altura (RCA) é útil para avaliar a adiposidade central, e prediz alterações metabólicas. A capacidade funcional avaliada pelo teste de caminhada de seis minutos (T6M) é instrumento reconhecido na avaliação de pneumo e cardiopatas, incluindo implicações prognósticas. Objetivo: Avaliar a RCA e parâmetros do T6M entre fumantes em processo de cessação tabágica. Metodologia: Estudo de coorte transversal, avaliando fumantes em ambulatório para cessação tabágica, entre agosto/2021 e fevereiro/2025. Considerou-se valores anormais: RCA≥0,5; obesidade abdominal; CA>80 cm em mulheres e >94cm em homens; pressão arterial sistólica (PAS)>130 mmHg; pressão arterial diastólica (PAD)>85 mmHg; Síndrome da Apneia obstrutiva do Sono (SAOS), escore de Stop Bang>5 pontos. Resultados: Avaliados 220 tabagistas (31 grupos de tratamento consecutivos), onde 80,2% eram mulheres; idade de 57,90±10,04 anos; 52,7% eram brancos; tempo médio de vício foi 40,23±12,18 anos; 65,9% fumavam mais que 20 cigarros/dia e 74,2% tinham alta dependência nicotínica. Na amostra, 77,5% possuíam RCA anormal e ao se comparar estes com os que tinham RCA dentro da normalidade, observou-se que apresentavam maior índice de massa corporal (p<0,001); maiores níveis de PAS(p<0,012) e PAD (p<0,009), maior risco de SAOS (p<0,012). No T6M, os pacientes com RCA anormal atingiram menor distância de caminhada (p<0,048); com SPO2 inicial menor (p<0,033); SPO2 pico menor (p<0,006); Borg Respiratório inicial maior (p<0,007); Borg Respiratório de pico maior (p<0,004); Borg MMII início maior (p<0,034); ao passo que o Borg MMII de Pico e Final não tiveram diferenças estatisticamente significativas; houve uma tendência a maior PAS pico (p<0,075) e maior PAD pico (p<0,071). Conclusões: Entre fumantes em processo de cessação tabágica foi prevalente a RCA anormal, assim como a sua associação com piores indicadores clínicos. Aliado, houve com pior desempenho na distância caminhada no T6M e nos parâmetros respiratórios deste instrumento naqueles com RCA anormal. Os achados sugerem que a medida sistemática da RCA e T6M, pode ser uma ferramenta útil tanto na avaliação quanto no acompanhamento desses pacientes.