INTRODUÇÃO
A pericardite epistenocárdica (PE) é uma complicação do infarto agudo do miocárdio (IAM). Por ser oligossintomática, é subdiagnosticada e, caso não tratada adequadamente, está relacionada a alta morbimortalidade. Após a introdução de terapias de reperfusão miocárdica, observou-se redução de sua incidência de 20 para menos 5%. Este relato descreve o caso de um paciente que desenvolveu PE, com apresentação aguda e de diagnóstico precoce.
RELATO DO CASO
Homem de 48 anos, hipertenso, encaminhado por IAM com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCSST) nas derivações das paredes inferior e anterior, além de infradesnivelamento em aVR. Não foi trombolisado na origem devido ao tempo de evolução. O cateterismo cardíaco mostrou oclusão proximal da artéria descendente anterior (ADA) e alta carga trombótica. Realizada angioplastia com fluxo TIMI 3; 24 horas após o paciente evoluiu com desconforto retroesternal, dispneia, febre, atrito pericárdico e elevação da proteína C reativa. Além das alterações prévias ao eletrocardiograma (ECG) observou-se infradesnivelamento do seguimento PR. O ecocardiograma transtorácico não mostrou sinais de pericardite, mas a ressonância do coração mostrou infarto transmural no território da ADA, realce tardio nos folhetos do pericárdio e derrame pericárdico mínimo, sugestivo de PE. Além do tratamento padrão do IAM, usou colchicina 0,5 mg de 12/12h, com melhora da dor retroesternal, sem febre, redução nos marcadores inflamatórios e das alterações eletrocardiográficas.
CONCLUSÃO
Este relato apresentou o caso de um paciente com quadro de IAMCSST, submetido tardiamente a angioplastia e que evoluiu com PE, condição pouco comum atualmente. O caso mostra a importância da atenção aos sinais clínicos e do ECG para a suspeita diagnóstica e a adequada utilização dos métodos de imagem, em particular da ressonância.