Introdução: O hiperaldosteronismo primário (HAP) é uma causa prevalente de hipertensão arterial secundária. Apresentaremos um caso de HAP com produção hormonal bilateral devido à hiperplasia das adrenais, que foi confirmada através da realização do cateterismo venoso das veias suprarrenais direita e esquerda. Apesar de apresentar hiperplasia das adrenais, o paciente foi submetido a adrenalectomia unilateral.
Relato de Caso: homem de 51 anos, com hipertensão arterial resistente (HAR) desde os 33 anos, em uso de cinco classes de anti-hipertensivos, apresentando pressão arterial (PA) 200 x 110 mmHg. Outras causas de hipertensão arterial secundária foram descartadas, caracterizando desta forma como hipertensão arterial resistente verdadeira. Portanto, a medicação anti-hipertensiva foi otimizada com oito classes, incluindo o antagonista do receptor mineralocorticoide (ARM), com dose de 400 mg de espironolactona. Ambulatorialmente, a PA encontrava-se fora da meta, com sintomas de tontura, precordialgia, ginecomastia e mastalgia. Diante do rastreio evidenciado que não houve lateralização com índice menor que 4 (Tabela 2), desta forma configurando hipersecreção bilateral da aldosterona com predomínio à esquerda e o paciente evoluiu com hipertensão arterial resistente verdadeira, decidimos pela adrenalectomia unilateral à esquerda devido hipersecreção de aldosterona: 2900 ng/dL, com valor mais elevado à esquerda (Tabela 1). Com isto, o paciente apresentou melhora clínica e da PA, e redução das classes terapêuticas de oito para quatro. Os resultados dos exames anatomopatológico e imuno-histoquímico confirmaram hiperplasia adrenal corroborando desta forma que a produção de aldosterona era bilateral.
Conclusão: Em algumas situações específicas de hiperplasia adrenal bilateral, onde a meta pressórica desejável não é atingida com o tratamento clínico medicamentoso otimizado, ou em casos de intolerância a medicamentos e ausência de outras opções de tratamento, a adrenalectomia unilateral no lado que produz maior concentração de aldosterona pode ser uma opção viável, segura e efetiva como no caso reportado.