Introdução: doenças metabólicas estão em crescente incidência, contribuindo para múltiplas complicações cardiovasculares. A detecção do delta da glicemia e sua correlação com os desfechos cardiovasculares, desponta como um promissor biomarcador, sobretudo no cenário das doenças agudas, considerando a hiperglicemia de estresse.
Métodos: a amostra incluiu consecutivamente 244 pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAMCSST), submetidos à estratégia fármaco-invasiva. Obtidas amostras de parâmetros glicêmicos no primeiro dia de hospitalização, incluindo: glicemia basal; hemoglobina glicada (HbA1c); delta da glicemia, calculado pela {glicemia de admissão - glicemia média estimada (28,7 x HbA1c - 46,7)}; variáveis lipídicas; marcadores de inflamação; e de necrose miocárdica. A ressonância nuclear magnética cardíaca (RNMc) foi realizada após 30 dias do evento agudo, segundo protocolo específico e pré determinado. Modelo estatístico: realizada regressão linear para as variáveis de interesse, em modelo não ajustado (p entrada <0,10), e posteriormente em modelo de regressão ajustado, para testar o poder de independência das variáveis preditoras.
Resultados: valores mais altos de delta de glicose foram correlacionados à FEVE reduzida e maior área infartada. Diferenças na massa ventricular infartada (gr e %) foram observadas entre pacientes diabéticos e não diabéticos, acima de limites específicos: (18,62 ± 11,0 g) vs. (16,24 ± 13,17 g), respectivamente; p= 0,019, com tamanho de efeito de 0,55 (d-Cohen). A curva ROC produziu uma área sob a curva de 0,65 (IC-95%: 0,57–0,72).
Conclusão: o delta da glicemia apresenta-se como um marcador independente a ser considerado na avalição prognóstica e preditiva em pacientes acometidos por IAM. Este parâmetro glicêmico de fácil mensuração, fornece uma visão acurada para pacientes em situação de estresse agudo.