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PROPORÇÃO DA POPULAÇÃO NEGRA E A MORTALIDADE POR INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO EM MUNICÍPIOS DO ESTADO DE SÃO PAULO: UM ESTUDO ECOLÓGICO

Arnaldo Pieroni Stecca Filho, Hélio Rubens de Carvalho Nunes
FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU - - SP - BRASIL

Introdução

O infarto agudo do miocárdio (IAM) é uma das principais causas de morte no mundo. No Brasil, os óbitos por doenças cardiovasculares têm variações regionais e raciais significativas. Embora brancos tenham maior número absoluto de internações e óbitos por IAM, negros apresentam maior risco de mortalidade.

Logo, este estudo analisa a relação entre a proporção da população negra e a mortalidade por IAM nos municípios do estado de São Paulo.

Método

Estudo ecológico com dados agregados municipais referentes ao ano de 2022, extraídos do DATASUS e IBGE. As associações foram analisadas por regressão linear simples, com taxa padronizada de mortalidade por IAM como variável dependente e proporção da população negra como variável independente. Os municípios foram estratificados por porte populacional e associações foram consideradas significativas quando p < 0,05. As análises foram realizadas no software SPSS 21.

Resultados

Em 2022, o estado de São Paulo possuía 44.411.238 habitantes, sendo 7,98% pretos e 32,96% pardos. A relação entre proporção da população negra e mortalidade por IAM variou conforme o porte dos municípios.

Nos municípios com menos de 5.000 habitantes, a relação não foi significativa. Já em municípios entre 5.000 e 24.999 habitantes, houve correlação negativa e significativa (p = 0,004 e p = 0,003, respectivamente), sugerindo menor mortalidade por IAM com maior proporção de população negra.

Por outro lado, em municípios entre 50.000 e 499.999 habitantes, a relação foi positiva e significativa (p = 0,017 e p = 0,007), sugerindo maior mortalidade por IAM conforme aumenta a proporção da população negra. Esse padrão foi ainda mais evidente em municípios com mais de 500.000 habitantes (p = 0,005).

Conclusão

A relação entre a proporção da população negra e a mortalidade por IAM é moderada pelo porte dos municípios, refletindo desigualdades estruturais na saúde. Municípios menores não apresentaram correlação significativa, enquanto os de médio porte sugeriram menor mortalidade cardiovascular entre negros. Já nos municípios mais populosos, a maior presença dessa população esteve associada a maior mortalidade por IAM, reforçando o impacto do racismo estrutural e das desigualdades no atendimento médico.

Embora estudos ecológicos tenham limitações, como a impossibilidade de estabelecer relações causais diretas, eles fornecem informações valiosas para a formulação de políticas públicas. Além disso, os achados podem orientar pesquisas futuras, contribuindo para intervenções mais eficazes na redução das disparidades raciais na saúde cardiovascular.

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