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Pericardite Tuberculosa como Primeira Manifestação do HIV e Desafios no Diagnóstico

Ana Cristina de Souza Murta, Kelvin H. Vilalva, Diego Feriani da Silva, Edileide B. Correia, Mauri A. da S. Ferreira, Sumire Sakabe, Plínio J. W. Wolf, Yoná A. Francisco, Larissa Bruscky, Renata C. D. Agnolo
Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia - São Paulo - SP - Brasil, CRT IST Aids - São Paulo - SP - Brasil

 

INTRODUÇÃO

A pericardite é uma manifestação cardiovascular geralmente viral, mas pode ter causas bacterianas ou oportunistas em imunossuprimidos. Em pessoas vivendo com o vírus da imunodeficiência adquirida (HIV), pode ser a primeira manifestação da infecção, exigindo alto grau de suspeição diagnóstica.

 

RELATO DE CASO

Em junho/2024, segundo relato de alta, internado em um serviço médico, homem, 58 anos, previamente hígido com quadro clínico de tamponamento cardíaco e ecocardiograma com derrame pericárdico volumoso. O líquido drenado foi descrito como purulento, mas análises laboratoriais, culturas e biópsia pericárdica não estavam disponíveis. Na internação diagnóstico de infecção pelo HIV, com carga viral de 18.400 cópias de RNA viral. Com esse diagnóstico, levantou-se a suspeita de pericardite bacteriana, sendo instituído tratamento empírico com antibióticos de largo espectro. Quatro semanas após a alta, com carga viral de 20.600 cópias de RNA viral em uso de tenofovir, lamivudina e dolutegravir, apresentou recorrência dos sintomas e procurou nova avaliação médica. O eletrocardiograma mostrou taquicardia sinusal, baixa voltagem do complexo QRS periférico e discreta elevação difusa do segmento ST precordial. A radiografia de tórax evidenciou cardiomegalia, alargamento mediastinal e leve congestão hilar. Ecocardiograma e ressonância cardíaca revelaram derrame pericárdico importante, sinais de restrição e discreto espessamento pericárdico. Submetido a pericardiectomia parcial, drenagem pericárdica e confecção de janela pleuropericárdica. O teste GeneXpert MTB/RIF do líquido pericárdico detectou DNA de Mycobacterim tuberculosis, e a cultura foi solicitada. 

 

RESULTADOS

Após o diagnóstico, iniciou esquema padrão para tuberculose por seis meses. Manteve o esquema antirretroviral com ajustes devido à interação com a rifampicina. No seguimento, apresentou melhora progressiva do quadro clínico, redução da proteína C reativa e o ecocardiograma de controle evidenciou derrame mínimo, sem repercussão hemodinâmica.

 

CONCLUSÃO

 

A pericardite tuberculosa pode ser a primeira manifestação do HIV, devendo ser considerada no diagnóstico etiológico das pericardites. O derrame purulento pode levar ao uso de antibióticos de amplo espectro, mas é fundamental investigar tuberculose antes da introdução desses agentes. Além disso, sinais de pericardite constritiva devem levantar suspeita de tuberculose, pois o tratamento específico pode reverter o quadro sem necessidade de cirurgia. O GeneXpert MTB/RIF possibilitou um diagnóstico rápido e início precoce do tratamento.

 

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