Introdução: A implantação transcateter de válvula aórtica (TAVR) é um tratamento recomendado para pacientes com estenose aórtica grave, especialmente aqueles que não são candidatos a cirurgia de válvula aberta. Muitos dos pacientes que se submetem a essa intervenção utilizam anticoagulantes orais devido a condições pré-existentes, como fibrilação atrial. O objetivo principal desta meta-análise é comparar o risco de complicações vasculares maiores e o risco de sangramentos maiores e com ameaça à vida em pacientes submetidos à TAVR, entre os que mantêm a anticoagulação oral durante o procedimento e os que a interrompem.
Métodos: Foram realizadas buscas nas bases de dados PubMed, Embase e Web of Science para identificar ensaios clínicos randomizados (RCTs) e estudos de coorte que comparassem a anticoagulação oral contínua versus interrompida em pacientes submetidos à TAVR. Para a análise dos dados, foi utilizado um modelo de efeitos aleatórios para calcular a razão de chances (OR), acompanhada de intervalo de confiança de 95% (IC). A análise estatística foi conduzida utilizando o software R versão 4.3.1.
Resultados: Um ensaio clínico randomizado e dois estudos observacionais foram incluídos na análise, totalizando 2.773 pacientes. Desses, 1.314 pacientes (47,4%) mantiveram o uso de anticoagulantes orais durante a TAVR, enquanto 1.459 (52,6%) interromperam a anticoagulação. A idade média dos participantes foi de 80,96 anos, sendo 1.472 homens (53,08%) e 1.301 mulheres (46,91%). Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas em relação à mortalidade cardiovascular, eventos cerebrovasculares, episódios de sangramento, complicações vasculares maiores, mortalidade geral ou infarto do miocárdio. No entanto, a incidência de acidente vascular cerebral (AVC) foi significativamente maior no grupo que continuou com a anticoagulação durante o procedimento (IC de 95%, 0,39-0,97, p = 0,038, I² = 0%).
Conclusão: A meta-análise sugere que a continuidade da anticoagulação oral durante a TAVR está associada a um aumento na ocorrência de AVCs. Interromper a anticoagulação durante o procedimento pode ser uma abordagem mais segura na prática clínica, ajudando a evitar resultados adversos inesperados e complicações potencialmente graves.