ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DE ÓBITOS POR AMILOIDOSE NA ÚLTIMA DÉCADA, ESTRATIFICADA POR FAIXA ETÁRIA E SEXO, EM SÃO PAULO.
INTRODUÇÃO: As cardiomiopatias de depósito, como a amiloidose cardíaca, são caracterizadas pela deposição de proteínas tóxicas no miocárdio, levando à disfunção ventricular e maior risco de eventos cardiovasculares. A amiloidose cardíaca, causada pela deposição de proteína amiloide, tem duas variantes principais: a amiloidose de cadeia leve (AL) e a amiloidose por transtirretina (ATTR), que representam 95% dos casos. Um estudo nos EUA (2018) mostrou um aumento na incidência de amiloidose AL, de 10,8 para 15,2 casos por milhão entre 2007 e 2015. Este estudo analisa o impacto da amiloidose na mortalidade no estado de São Paulo, considerando faixa etária e sexo.
MÉTODOS: Estudo transversal, descritivo e retrospectivo, realizado em São Paulo (2013-2023), utilizando dados do SIM/TABNET/DATASUS (CID-10: E85). Foram analisados óbitos por amiloidose, categorizados por sexo e faixa etária, excluindo "idade ignorada". A população média foi de 44.420.459 habitantes (IBGE 2010-2022), e as taxas de mortalidade foram calculadas por 100.000 habitantes.
RESULTADOS: Entre 2013 e 2023, houve 494 óbitos por amiloidose em São Paulo, com taxa de mortalidade geral de 1,11 por 100.000 habitantes. A taxa anual aumentou de 0,083 (2013) para 0,176 (2023), com oscilações pontuais, como em 2016 (0,077), possivelmente devido a subnotificações. Homens representaram 59,5% dos óbitos (294 casos; taxa de 0,66/100.000), enquanto mulheres corresponderam a 40,5% (200 casos; taxa de 0,45/100.000). A maioria dos óbitos ocorreu em idosos: 70-79 anos (133 óbitos; 26,9%) e 80+ anos (121 óbitos; 24,5%). Jovens (1-4 e 15-19 anos) tiveram apenas 1 óbito cada (0,2%).
CONCLUSÃO: O estudo evidenciou um aumento progressivo na mortalidade por amiloidose em São Paulo, principalmente em idosos e homens. Esses achados destacam a necessidade de políticas públicas para diagnóstico precoce e manejo adequado, visando reduzir a mortalidade e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.