Introdução: A poluição do ar é uma das principais ameaças à saúde pública, sendo um fator de risco relevante para doenças cardiovasculares, que lideram a mortalidade global. A insuficiência cardíaca, condição na qual o coração não bombeia sangue de forma eficaz, é particularmente sensível aos efeitos dos poluentes ambientais. Materiais particulados ≤2,5 µm e ≤10 µm (PM2.5 e PM10), dióxido de nitrogênio (NO₂) e outros gases foram associados ao aumento da incidência e agravamento da insuficiência cardíaca, elevando hospitalizações e mortalidade. Compreender os mecanismos dessa relação é essencial para embasar políticas públicas e estratégias preventivas. Metodologia: Foi realizada uma revisão sistemática conforme as diretrizes PRISMA, respondendo à questão: “A exposição contínua à poluição atmosférica aumenta o risco de insuficiência cardíaca?”. A busca na base PubMed com os descritores “air pollution” AND “heart failure”, resultando em 203 artigos nos últimos cinco anos. Após critérios de inclusão (ensaios clínicos, metanálises e revisões sistemáticas) e exclusão (revisões simples e artigos irrelevantes), 13 estudos foram selecionados para análise. Resultados: A exposição a poluentes, especialmente partículas finas e gases como CO e SO₂, mostrou-se associada ao aumento do risco de insuficiência cardíaca. Em curto prazo, um acréscimo de 10 µg/m³ em PM2.5 e PM10 elevou o risco em 1,8% e 1,6%, respectivamente. NO₂ e SO₂ aumentaram as hospitalizações em 2,07% e 2,20%. O ozônio não apresentou impacto consistente. Em longo prazo (≥1 ano), PM2.5 elevou o risco de insuficiência cardíaca em 74,8% para cada 10 µg/m³ adicionais, seguido por PM10 e NO₂. Regiões de baixa e média renda, apresentaram impactos mais severos devido à alta poluição. A poluição do ar doméstico também foi relevante. Estudos indicaram que indivíduos expostos apresentaram 2,3 vezes mais risco. Conclusão: A exposição à poluição atmosférica, especialmente ao material particulado fino e ao dióxido de nitrogênio, está associada ao aumento do risco de insuficiência cardíaca e outras doenças cardiovasculares. Os mecanismos envolvidos incluem inflamação sistêmica, estresse oxidativo e disfunção endotelial, favorecendo a progressão da doença. Populações vulneráveis, como idosos e indivíduos com comorbidades, apresentam maior suscetibilidade. Além disso, a poluição doméstica em países de baixa renda duplica o risco de insuficiência cardíaca. Essas evidências reforçam a necessidade de políticas ambientais rigorosas e estratégias de mitigação para reduzir os impactos da poluição na saúde cardiovascular.