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TRABALHOS APROVADOS > RESUMO

Impacto do Sistema de Saúde nas Características, Utilização de Recursos e Prógnóstico de Pacientes com Insuficiência Cardíaca: Uma Análise Comparativa entre Setores Público e Privado

Carlos Henrique Del Carlo, Antonio C. Pereira-Barretto, Antonio P. Mansur, Mucio T. de Oliveira Jr, Sergio Jallad, Alfredo J. Mansur, André B. de Abreu, José A. Ramos Neto, Alexandre Abizaid, Roberto Kalil Filho
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Introdução: A insuficiência cardíaca (IC) é uma condição altamente prevalente e de prognóstico reservado, sendo influenciada tanto por fatores clínicos quanto por características estruturais do sistema de saúde. O objetivo deste estudo foi avaliar as características, intervenções e resultados clínicos de pacientes (pac) com IC atendidos nos sistemas público (SPUB) e privado (SPRI) de saúde.

Métodos: Estudo retrospectivo observacional baseado em uma coorte de 12.588 pac com IC acompanhados entre 2017 e 2020. Os pacientes foram divididos em dois grupos: SPUB (n=11.273) e SPRI (n=1.315). Foram analisadas variáveis demográficas, etiologia da IC, comorbidades e intervenções terapêuticas, faixa da IC pela fração de ejeção (FE): ICFEr (IC com FE reduzida); ICFElr (IC com FE levemente reduzida); ICFEp (IC com FE preservada). Métodos estatísticos: teste U de Mann-Whitney, teste do Qui-quadrado ou Teste Exato de Fischer, análise de regressão pelo método de Cox, análise de sobrevida pelo método de Kaplan-Meier (p=Log-Rank).

Resultados: A idade média foi maior no SPRI (68,5 anos vs. 62,9 anos, p<0,001). A IC de etiologia isquêmica e valvar foram mais prevalentes no SPRI (isquêmica: 36,4% vs. 24,6%, p<0,001; valvar: 14,4% vs 11,6%, p=0,003). A cardiomiopatia dilatada idiopática (CMD) e a Chagásica foram mais frequentes no SPUB (CMD: 37,5%  vs 28,0%, p<0,001; Chagásica: 6,3% vs. 1,6%, p<0,001). Com relação as comorbidades, a fibrilação atrial (FA), diabetes mellitus (DM) e anemia foram mais prevalentes no SPRI (FA: 24,9%  vs 19,8%, p<0,001; DM: 22,6% vs 17,6%, p<0,001; anemia: 4,0% vs 2,2%, p<0,001). A FE foi maior no SPRI (53,1±15,0% vs 45,5±16,1%, p<0,001), predominando a ICFEp no SPRI (63,7% vs 44,0%, p<0,001) e a ICFEr no SPUB (43,6% vs 24,5%, p<0,001). O SPRI realizou mais cirurgias e angioplastias, enquanto o implante de marcapasso e ressincronizador foram mais frequentes no SPUB. A mortalidade global foi maior no SPUB (22,2% vs. 18,3%, p=0,001). Na análise de regressão multivariada, foram preditores de morte no SPRI:  idade >60 anos, comorbidades e ICFEr. Os preditores de morte no SPUB foram: idade >60 anos, etiologia Chagásica e valvar, comorbidades e ICFEr. A etiologia hipertensiva e transplante cardíaco foram associados com redução da mortalidade.

Conclusão: As características clínicas e faixa de IC, intervenções e prognóstico apresentaram diferenças significantes entre os pac do SPRI e SPUB. Diferenças estruturais no acesso aos cuidados podem influenciar os desfechos, ressaltando a importância de políticas que promovam equidade na atenção à IC.

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