Introdução: Os fibroelastomas são o segundo tumor cardíaco benigno mais comum. Eles são geralmente pequenos e assintomáticos, sendo frequentemente identificados de forma incidental em ecocardiogramas transtorácicos (ECO-TT). No entanto, pelo seu potencial embólico, torna-se essencial a identificação e a avaliação da necessidade de abordagem cirúrgica. Descrevemos um caso de fibroelastoma papilar diagnosticado na valva aórtica.
Relato de Caso: Mulher, 67 anos, em investigação de picos hipertensivos realizou um ECO-TT o qual revelou presença de uma massa homogênea, arredondada, pouco móvel, medindo 1,0 x 0,8 cm, aderida à face ventricular da cúspide coronariana esquerda da valva aórtica, sugestiva de fibroelastoma papilar. Após discussão com o heart time, foi indicada a abordagem cirúrgica. O procedimento foi realizado com suporte de ecocardiografia transesofágica (ECO-TE) e ocorreu sem intercorrências. No pós-operatório, a paciente evoluiu estável, sem comprometimento da função valvar aórtica, sendo encaminhada para seguimento ambulatorial.
Discussão: Os fibroelastomas são tumores cardíacos pequenos, avasculares e geralmente aderentes à superfície das válvulas cardíacas, sendo aórtica e mitral as mais frequentemente acometidas. Seu tamanho médio é de 0,9 cm, podendo atingir até 7,0 cm. A etiologia ainda não é totalmente compreendida, mas a hipótese mais aceita envolve a formação de microtrombos. No ECO-TT, apresentam aspecto pediculado, móvel, com superfície filamentosa e pontilhada nas margens, além de serem ecolucentes. Embora possam estar associados a fenômenos embólicos, na maioria dos casos, são achados incidentais. O diagnóstico diferencial é fundamental, especialmente para diferenciar fibroelastomas de vegetações infecciosas e trombos. O tratamento é controverso e depende de fatores como sintomatologia, tamanho, mobilidade da massa e risco embólico. Em pacientes assintomáticos e com tumores pequenos, pode-se optar pelo acompanhamento clínico. No entanto, em casos de lesões maiores, móveis ou associadas a eventos embólicos, a ressecção cirúrgica é recomendada.
Conclusão: Os fibroelastomas papilares, apesar de serem tumores benignos, apresentam risco potencial de complicações embólicas, especialmente quando localizados na valva aórtica. O diagnóstico incidental por ECO-TT é frequente, e a abordagem terapêutica deve ser individualizada. No caso descrito, a ressecção cirúrgica foi indicada devido ao risco embólico aumentado, resultando em um desfecho favorável e sem complicações pós-operatórias.