As arritmias ventriculares se destacam como importantes causas de morte súbita em pacientes com disfunção ventricular de etiologia isquêmica. O Teste Cardiopulmonar de Esforço (TCPE) é uma ferramenta valiosa para avaliar a capacidade funcional, identificar arritmias induzidas pelo esforço e estratificar o risco nessa população. Este relato descreve o caso de um paciente com disfunção ventricular esquerda de etiologia isquêmica que apresentou Taquicardia Ventricular (TV) evoluindo para fibrilação ventricular (FV) durante um TCPE, seguido de internação com implante de Cardiodesfibrilador Implantável (CDI) e acompanhamento clínico com posterior reabilitação cardiovascular.
Paciente masculino, 65 anos, com histórico de Doença Arterial Coronariana (DAC) triarterial com disfunção ventricular, submetido a revascularização miocárdica em 2022. Fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) de 26% após cirurgia. Em 12/2023, foi submetido a TCPE e apresentou Bloqueio Divisional Ântero-Superior (BDAS) seguido de TV sustentada no 8º minuto de exercício (Imagem 1), com FC de 119 bpm (76,8% frequência cardíaca máxima), evoluindo para FV (imagem 2), com parada cardiorrespiratória prontamente revertida após desfibrilação com 200J (imagem 3) e Retorno à Circulação Espontânea (RCE) imediato, com posterior Ritmo Sinusal (Imagem 4). O paciente foi prontamente encaminhado para internação, indicado implante de CDI como profilaxia secundária. Após alta, paciente retornou à reabilitação, e concluiu 36 sessões apresentando melhora de 18% no VO2 (1,297 L/min em março de 2024 e 1,542 L/min ao fim das sessões), associado a treinos resistidos 2x por semana, mantendo atividade física regular e classe funcional NYHA I.
Este caso ilustra a importância do TCPE na identificação de alterações eletrocardiográficas de alto risco em pacientes com disfunção ventricular esquerda e a importância da reabilitação para melhora na qualidade de vida desses pacientes.
A rápida intervenção durante o teste permitiu o manejo eficaz e a internação para implante de CDI como profilaxia secundária sem sequelas para o paciente e após concluiu o programa de reabilitação apresentando melhora de sua capacidade funcional.
Imagem 1: BDAS seguido de TV sustentada aos 8 minutos de teste com FC 119bpm
Imagem 2: TV com degeneração para FV ao primeiro minuto de recuperação
Imagem 3: Desfibrilação com 200J em 1minuto e 26 segundos de recuperação
Imagem 4: Ritmo Sinusal - segundo minuto de recuperação