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Tamponamento Cardíaco em paciente com Lúpus Eritematoso Sistêmico: Quando a doença autoimune não é a culpada

Gabriela Nicolela, Daniella Baltakis, Laurie Kumano, Mateus Nunes, Alisson, Frederico
FACULDADE DE CIENCIAS MÉDICAS – UNICAMP - - SP - BRASIL

Introdução

As manifestações de pericárdio são comuns no lúpus eritematoso sistêmico (LES), geralmente apresentando-se como derrames pericárdicos leves a moderados. Embora o tamponamento cardíaco possa ocorrer, sua frequência é menor e, muitas vezes, desenvolvendo-se de forma gradual.

Apesar dessa associação clara, atribuir ao LES um derrame pericárdico é sempre um exercício de exclusão e probabilidade, no qual outras causas não devem ser desconsideradas. Para ilustrar esse conceito, apresentamos o caso de um paciente com LES que desenvolveu tamponamento cardíaco de etiologia infecciosa.

Caso

Paciente de 23 anos com diagnóstico de LES desde 2021, devido aos seguintes achados: FAN positivo em altos títulos; Anti- DNA positivo; Consumo de complemento; e Nefrite lúpica. Devido acometimento renal já em Terapia Renal substitutiva e atualmente em uso de Hidroxicloroquina e Prednisona.

Após uma sessão de hemodiálise (HD), apresentou dor precordial associada à dispneia, sem febre ou bacteremia. Foi transferida para serviço terciário, sendo submetida a ecocardiografia transtorácica (ecoTT) que revelou presença de derrame pericárdico de 20mm com repercussão hemodinâmica, mas sem sinais iminentes de tamponamento cardíaco. Iniciou, neste contexto, pulsoterapia com metilprednisolona pela possibilidade do derrame pericárdico ser manifestação de atividade do LES.

Novamente, após uma semana, paciente referiu precordialgia após sessão de HD associada a hipotensão. Novo ecoTT foi realizado revelando, além da manutenção do tamanho, agora havia evidências de repercussão hemodinâmica (Figura 1). Assim, foi realizada pericardiocentese de urgência, drenando 600 ml de conteúdo sanguíneo purulento (celularidade: 217600 polimorfonucleares). Dentro de 48 horas foi confirmado o crescimento de Staphylococcus condimenti e a avaliação histopatológica evidenciou pericardite crônica agudizada com colônias bacterianas (Figura 1).

Realizada antibioticoterapia, com resposta completa do derrame pericárdico não evidenciado em último ecoTT após 14 dias da drenagem. Recebeu alta hospitalar após resolução das intercorrências durante a internação.

Conclusão

 

O cardiologista deve considerar que, em pacientes com LES e acometimento pericárdico, é fundamental avaliar outras causas possíveis antes de atribuir á manifestação exclusivamente à doença de base. Como ilustrado pelo caso apresentado, a presença de doença renal crônica dialítica, imunossupressão prolongada e baixa resposta à corticoterapia são fatores adicionais para a suspeição de etiologias outras, em especial as infecciosas.

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