Introdução:
A cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva (CMHO) é caracterizada por hipertrofia ventricular esquerda com obstrução dinâmica do trato de saída do ventrículo esquerdo (VSVE), resultando em sintomas limitantes. A terapia convencional inclui medicamentos, procedimentos invasivos, ou ambos. O Mavacanteno, um modulador seletivo da miosina cardíaca, é uma abordagem emergente para redução do gradiente obstrutivo e alívio sintomático.
Relato de Caso:
Apresentamos o caso de JK, 73 anos, com diagnóstico de CMHO assimétrica obstrutiva, classe funcional II pela NYHA, com gradiente de VSVE em repouso de 88 mmHg e 136 mmHg durante a manobra de Valsalva. A paciente apresentava aumento moderado do átrio esquerdo, hipertensão pulmonar (PSAP 43 mmHg) e estava em terapia medicamentosa otimizada, incluindo atenolol 100 mg/dia, sem alívio significativo dos sintomas.
Inicialmente, a paciente recusou intervenções invasivas, como miectomia septal, alcoolização septal ou ablação septal. Frente à limitação clínica, foi instituída terapia com Mavacanteno, 5 mg/dia.
Após 5 dias de tratamento, foi observada melhora significativa dos parâmetros ecocardiográficos, com redução do gradiente em VSVE para 17 mmHg tanto em repouso quanto com a manobra de Valsalva. O aumento moderado do átrio esquerdo manteve-se estável e a PSAP apresentou leve redução para 40 mmHg. Clinicamente, a paciente relatou melhora sintomática, com maior tolerância às atividades físicas diárias.
Discussão:
Este caso destaca a eficácia do Mavacanteno em reduzir rapidamente o gradiente obstrutivo do VSVE em uma paciente idosa com CMHO que apresentava contraindicação ou relutância em realizar procedimentos invasivos. A resposta clínica e ecocardiográfica foi evidente em poucos dias, sugerindo que o Mavacanteno pode ser uma alternativa terapêutica segura e eficaz para o manejo de CMHO em casos selecionados.
Conclusão:
O uso de Mavacanteno proporcionou melhora clínica e ecocardiográfica significativa em curto prazo em uma paciente com CMHO obstrutiva, demonstrando seu potencial como opção não invasiva para pacientes com contraindicação ou recusa a intervenções invasivas. Estudos futuros são necessários para avaliar o impacto a longo prazo dessa terapia.