Introdução: A disfunção diastólica (DD) impacta significativamente na população não hospitalizada, associando-se a insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP) e maior mortalidade. O diagnóstico precoce é crucial, e a ecocardiografia, por sua acessibilidade e correlação com dados invasivos, é essencial. Entre os parâmetros avaliados, a relação entre a velocidade do fluxo mitral inicial e a velocidade do fluxo mitral diastólico final (E/A) destaca-se por refletir a função diastólica, sendo fundamental na identificação precoce de alterações que podem modificar o curso da doença, reduzindo impactos individuais e coletivos. Alvo: Avaliar o potencial da relação E/A como fator prognóstico para hospitalização por causas cardiovasculares e mortes na atenção primária em saúde. Método: Foi realizado um estudo ecológico observacional longitudinal de base comunitária com recrutamento de 633 indivíduos para avaliação clínica e ecocardiograma com Doppler tecidual e análise espectral do doppler pulsado para a medida de velocidade da relação E/A, com dois pontos de corte distintos para caracterização da DD. Após seis anos, 560 participantes concluíram o estudo para investigação das causas de hospitalização e morte. Foram realizadas análises de sobrevida e hazard ratio (HR). Regressão multivariada de Cox com análise dos resíduos de Schoenfeld na análise uni variada, e um modelo final foi criado. Resultados: 355 (63%) eram mulheres com cerca de 59 anos. 405 participantes (72,3%) foram diagnosticados com hipertensão, 133 (23,8%) foram diagnosticados com diabetes e 99 (17,7%) eram fumantes atuais. Identificou-se um HR bruto de 3,47 e 3,60 e 3,02 e 0,41 para DD classe II e III nos pontos de corte 1 e 2 respectivamente (p<0,05). Após ajuste por sexo e idade, o HR foi 1,69, 2,80 e, 1,53 e 0,49 para DD classe II e III nos pontos de corte 1 e 2 respectivamente (p>0,05). Conclusão: A relação da E/A mostrou-se com padrão alterado na maioria dos participantes do estudo que estavam sem diagnóstico de insuficiência cardíaca, o que pode caracterizar a sua forma subclínica, o estágio B da IC.