Introdução: A hipertensão arterial gestacional é caracterizada pelo aumento da pressão arterial após a 20ª semana de gravidez, com valores sistólicos ≥140 mmHg e/ou diastólicos ≥90 mmHg, sem proteinúria. Essa condição pode levar a complicações graves para mãe e feto, como pré-eclâmpsia, eclâmpsia, síndrome HELLP, descolamento prematuro da placenta e problemas cardiovasculares. Para o feto, o maior risco é o parto prematuro. O tratamento envolve monitoramento, ajustes na alimentação, uso de medicamentos e, em casos graves, indução do parto. Em situações extremas, pode ser fatal para ambos. A análise epidemiológica dos óbitos por hipertensão materna é crucial para compreender a magnitude desse problema de saúde pública.
Métodos: Trata-se de um trabalho epidemiológico e retrospectivo com dados projetados pelo estudo Global Burden de 2011-2021, analisando óbitos no Brasil e nos Estados Unidos (EUA). As variáveis consideradas foram nacionalidade e faixa etária.
Resultados: A projeção total de óbitos por distúrbios de hipertensão materna no Brasil foi de 4.131,35 e 856,18 óbitos nos EUA no período de 2011 a 2021. O maior número de óbitos no Brasil ocorreu no ano de 2011 (423,48 óbitos, 10,25% do total), enquanto nos EUA o pico foi registrado em 2016 (90,46 óbitos, 10,56% do total). Revelou uma predominância da mortalidade entre mulheres jovens no Brasil, com a faixa etária de 20 a 24 anos concentrando a maior proporção de óbitos ao longo do período (totalizando 899,80 óbitos). Nos EUA, os óbitos foram mais frequentes em mulheres de 30 a 34 anos, representando um total de 210,40 mortes. A análise da tendência temporal evidenciou uma queda progressiva na mortalidade em ambos os países, sendo mais acentuada no Brasil, onde a redução entre 2011 e 2021 foi de 23,47%. Nos EUA, a redução foi menor, de 13,55%, sugerindo um impacto diferenciado dos avanços na assistência pré-natal e no manejo da hipertensão gestacional.
CONCLUSÃO: O Brasil apresentou mais óbitos por distúrbios hipertensivos maternos que os EUA, possivelmente devido a diferenças no acesso ao pré-natal, disparidades socioeconômicas e políticas de saúde. A hipertensão materna é um problema grave que requer atenção constante dos sistemas de saúde, maior destaque acadêmico, mais diagnósticos, melhor manejo na gestação e a prevenção de desfechos fatais.