Introdução: A comunicação interventricular (CIV) é uma complicação mecânica que ocorre em cerca de 0,27% dos casos de infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCSST). Os pacientes com essa condição apresentam elevada mortalidade, a qual pode chegar a 30%. Descrição do caso: Homem de 78 anos, com antecedente de hipertensão arterial sistêmica, fora admitido em pronto-socorro na cidade de Manaus-Am com sintomas anginosos que haviam se iniciado cerca de 9 horas antes da admissão. Na ocasião, realizara eletrocardiograma constatando IAMCSST acometendo a parede ântero-septal, motivo pelo qual fora submetido a trombólise química. Três dias após a admissão, fizera ecocardiograma transtorácico (ECOTT), o qual revelara disfunção sistólica moderada do ventrículo esquerdo (VE) com fração de ejeção ventricular esquerda (FEVE) de 40%. Duas semanas após a trombólise, realizara cateterismo cardíaco, evidenciando oclusão total da artéria descendente anterior. Quatro semanas após o IAMCSST, o paciente apresentara episódio de síncope, procurando atendimento médico no dia seguinte. Nesse momento, fora evidenciado em ECOTT um grande aneurisma da região apical do VE e a presença de solução de continuidade em segmento apical septal, medindo 0,9 cm no maior diâmetro, com shunt esquerdo-direito compatível com CIV pós-infarto. Por este motivo, o paciente se dirigira ao Hospital de Messejana, em Fortaleza-Ce, onde fora internado cerca de 6 meses após o infarto, sendo admitido clínica e hemodinamicamente estável, sem queixas. Realizara eletrocardiograma, o qual revelara supradesnivelamento do seguimento ST em parede antero-septal com presença de ondas Qs patológicas de V1 a V5. O novo ECOTT, realizado no dia de sua nova admissão, confirmara o diagnóstico. Durante a internação, o paciente permanecera em uso diário de sacubitril-valsartana, dapagliflozina, rosuvastatina, carvedilol, espironolactona e clopidogrel. Evoluíra hemodinamicamente estável, assintomático, tendo sido submetido a correção cirúrgica da CIV e do aneurisma apical. Conclusão: Este caso apresenta a singularidade de ter evoluído de forma favorável, apesar da constatação de que uma CIV pós-infarto é uma complicação de alta morbimortalidade. Apesar da lesão septal e do aneurisma ventricular, o paciente permanecera hemodinamicamente estável, realizando seu procedimento cirúrgico apenas 6 meses após a constatação da CIV. O manejo medicamentoso fora relevante para esta evolução menos habitual, possibilitando o controle dos sintomas da insuficiência cardíaca até o momento da cirurgia.