As Doenças Cardiovasculares (DCV) são uma pauta relevante em Saúde Pública, representando um terço das mortes registradas mundialmente. Dentre elas, a doença isquêmica do coração é a principal, com importantes índices de morbimortalidade no Brasil. Logo, é pertinente conhecer os fatores que interferem nessa patologia. Nesse sentido, a cada mil mortes por DCV, 2,2 foram atribuídas a temperaturas extremamente quentes, acima do percentil 97,5; além disso, em torno de 1% de todos os óbitos por doença cardíaca isquêmica associaram-se a faixas extremas de temperatura. Assim, este estudo avaliou a associação entre altas temperaturas e morbimortalidade por doença isquêmica do coração nas capitais brasileiras entre os anos de 2018 e 2022. Trata-se de um estudo epidemiológico, ecológico, retrospectivo, descritivo e documental. Foram coletados dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), acerca das internações e dos óbitos por doença isquêmica do coração, incluindo indivíduos a partir dos 50 anos, de ambos os sexos e todas as raças, bem como do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), referente às temperaturas médias das capitais nos anos selecionados. Observou-se que homens, idosos, pardos e brancos constituem o grupo mais afetado pela doença isquêmica do coração. Destaca-se a crescente relevância da etnia indígena nas estatísticas. Houve correlação positiva e significativa entre internações e altas temperaturas no Rio de Janeiro (p < 0,05). Revelou-se correlação negativa e significativa em Porto Velho e Brasília (p = 0,043 e p = 0,041, respectivamente). Os achados indicam que a associação entre doença isquêmica do coração e altas temperaturas depende também de outros fatores, como amplitude térmica, ondas de calor e condições socioeconômicas, bem como da metodologia empregada. Essas descobertas destacam a necessidade de políticas públicas para mitigar os impactos das variações climáticas na saúde cardiovascular, especialmente em grupos vulneráveis.