A incontinência urinária (IU)
representa uma condição que aumenta com a idade e afeta cerca de 30% dos idosos da comunidade e até 50% daqueles institucionalizados. Dentre os diversos tipos de IU (de esforço, de urgência, mista e por transbordamento), a de esforço representa a grande maioria destas (50-70%) e que podem ser agravadas polo uso das medicações habitualmente indicadas e essenciais para tratamento das diversas condições cardiovasculares que afetam os idosos, destacando-se o uso de diuréticos ou de medicações com efeito diurético. O objetivo desse estudo foi avaliar a prevalência de incontinência urinária em idosos atendidos em ambulatório de cardiogeriatria.
Métodos: Estudo transversal, realizado no período entre outubro e novembro de 2024, com a inclusão consecutiva de 96 pacientes atendidos em ambulatório de cardiogeriatria, todos com alguma condição cardiovascular estabelecida. À avaliação clínica de IU foi baseada na anamnese e no questionário ICIQ-SF (Incontinence Continence Inventory Questionnaire Short Form), instrumento para avaliar perda de urina e o quanto ela incomoda. Resultados: A média de idade foi de 79 anos (+4,75), 55,2% do sexo feminino. As comorbidades mais prevalentes foram hipertensão arterial (90,6%), dislipidemia (72.9%), diabetes (46,8%), insuficiência cardíaca (46,8%), doença arterial coronariana (41,6%).
fibrilação atrial (19,7%) e valvopatias (16,6%). Entre as medicações cardioativas mais prescritas destacaram-se beta-bloqueadores (63,5%), diuréticos (60,5%), bloqueadores de receptor da angiotensina (44,1%), inibidores da enzima conversora de angiotensina (38,8%) e os inibidores da SGLT-2 (24,6%). Incontinência urinária foi observada em 37 pacientes (38,5%), a maioria com quadro sugestivo de IU de esforço. Conclusão: Nesse estudo observamos uma elevada prevalência de IU em cardiopatas idosos. No tratamento das diferentes doenças cardiovasculares, tal condição pode levar a uma cascata de complicações tais como infecções urinárias de repetição pelo uso de fraldas, despertares noturnos com prejuízo do sono e quedas. hipotensão ortostática e desequilibrio. Assim, torna-se evidente a necessidade de um olhar para além do foco cardiológico em direção ao geriátrico.