Introdução: A insuficiência cardíaca (IC) representa um desafio significativo para os sistemas de saúde devido às frequentes descompensações e consequentes readmissões hospitalares, impactando a morbimortalidade e os custos hospitalares. Identificar fatores preditores de readmissões pode contribuir para intervenções precoces e otimização do manejo clínico desses pacientes.
Métodos: Estudo de coorte retrospectivo, unicêntrico, incluindo pacientes com diagnóstico prévio de IC atendidos em hospital terciário entre julho de 2022 e agosto de 2024. Foram analisados dados clínicos, laboratoriais e terapêuticos de 215 prontuários eletrônicos. Comparações entre pacientes readmitidos e não readmitidos foram realizadas por testes estatísticos adequados, e a análise de regressão logística identificou fatores preditores de readmissão, considerando p<0,05 como estatisticamente significativo.
Resultados: Entre os pacientes reospitalizados, não houve diferença significativa na idade (65,25 ± 11,8 vs. 64,2 ± 11,09 anos; p=0,189) e no sexo masculino (53,6% vs. 62,6%; p=0,189). As comorbidades DRC (42,9% vs. 28,2%; p=0,027) e tabagismo (65,4% vs. 49,2%; p=0,022) foram associadas a maior risco de readmissão. A classe funcional NYHA esteve fortemente correlacionada com hospitalizações, apresentando um aumento de 73,7% no risco de reinternação para cada classe adicional (p=0,02). O uso dos quatro pilares terapêuticos recomendados para IC foi mais prevalente entre os pacientes readmitidos (29,8% vs. 19,8%), o que pode refletir uma maior oportunidade de otimização do tratamento no ambiente hospitalar, sem indicar necessariamente uma piora clínica.
Conclusões: A DRC, o tabagismo e a classe funcional NYHA elevada foram identificados como fatores preditores de readmissão hospitalar em pacientes com IC. O ambiente hospitalar se mostrou crucial para otimização do tratamento, sugerindo que estratégias ambulatoriais mais eficazes são necessárias para evitar descompensações e reduzir reinternações.