Introdução: A síndrome da apneia/hipopneia obstrutiva do sono (SAHOS) é um distúrbio respiratório crônico caracterizado por colapsos repetitivos da via aérea superior durante o sono, resultando em hipoxemia intermitente, fragmentação do sono e ativação neuro-hormonal. Evidências indicam que a SAHOS está fortemente associada às doenças cardiovasculares (DCV), incluindo hipertensão arterial resistente, doença arterial coronariana, arritmias e insuficiência cardíaca. As DCV são a principal causa de morte no mundo, destacando a necessidade do manejo precoce da SAHOS como fator de risco relevante. Este estudo revisa os mecanismos fisiopatológicos que interligam a SAHOS e as DCV, além de explorar estratégias terapêuticas para redução do risco cardiovascular.
Métodos: Foi realizada uma revisão sistemática da literatura em bases indexadas, incluindo estudos clínicos, revisões sistemáticas e metanálises dos últimos 10 anos. Foram selecionados estudos sobre os mecanismos fisiopatológicos da SAHOS e sua relação com as DCV, além das principais opções terapêuticas, como pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP), intervenções farmacológicas e mudanças no estilo de vida.
Resultados: Os estudos analisados demonstraram que a hipoxemia intermitente e os microdespertares noturnos resultam em ativação simpática exacerbada, disfunção endotelial e inflamação sistêmica. Pacientes com SAHOS moderada a grave apresentam maior prevalência de hipertensão arterial resistente e risco aumentado de aterosclerose acelerada, evidenciado por espessamento da íntima-média carotídea. O uso do CPAP demonstrou melhora nos níveis pressóricos, redução da atividade simpática e melhora na variabilidade da frequência cardíaca. Além disso, estudos indicam que a terapia com CPAP reduz biomarcadores inflamatórios, como proteína C-reativa e interleucina-6, contribuindo para a redução do risco cardiovascular. Mudanças comportamentais, como perda de peso, atividade física, evitar decúbito dorsal ao dormir e cessação do tabagismo e etilismo, são essenciais para melhora clínica.
Conclusão: A SAHOS é um fator de risco independente para DCV, mediado por ativação neuro-hormonal, inflamação crônica e disfunção endotelial. O reconhecimento precoce e o manejo adequado da SAHOS são essenciais para prevenir complicações cardiovasculares. A terapia com CPAP é a abordagem mais eficaz para reduzir a carga cardiovascular da SAHOS, mas intervenções nos hábitos de vida devem ser exploradas para otimizar o tratamento.