Contexto: Dapagliflozina, um inibidor do cotransportador sódio-glicose 2 (SGLT2), é amplamente utilizado no tratamento do diabetes tipo 2 (DT2) para melhorar o controle glicêmico. Em pacientes com DT2 em terapia combinada antihipertensiva, os efeitos da dapagliflozina sobre a pressão arterial e os níveis glicêmicos são de grande interesse. Este estudo visa avaliar o impacto da dapagliflozina versus placebo sobre esses parâmetros.
Métodos: Foi realizada uma busca nas bases PubMed, Embase e Scopus para identificar ensaios clínicos randomizados (ECRs) e estudos de coorte que compararam os efeitos da dapagliflozina com placebo na pressão arterial e no controle glicêmico de pacientes com DT2 em terapia antihipertensiva combinada. Dados foram analisados usando um modelo de efeitos aleatórios e calculados a Diferença Média (MD) e Razão de Risco (RR) com intervalos de confiança (IC) de 95%.
Resultados: Nove estudos com 27.486 participantes foram incluídos, sendo 13.791 (50,17%) no grupo dapagliflozina. A pressão arterial sistólica (MD: −4,45; IC 95% −6,91; −2,00; p = 0,0003) e diastólica (MD: −1,40; IC 95% −2,53; −0,27; p = 0,014) diminuíram significativamente, além de uma redução no peso corporal (MD: −1,66; IC 95% −2,54; −0,78; p = 0,0002). HbA1c também melhorou (MD: −0,48; IC 95% −0,54; −0,41; p < 0,000001), enquanto a glicose plasmática em jejum (p = 0,056) e o ácido úrico não apresentaram diferença significativa. O risco de hipoglicemia foi maior no grupo dapagliflozina (RR: 2,32; IC 95% 1,11; 4,82; p = 0,024). Não houve diferença significativa em eventos de depleção de volume (RR: 1,38; p = 0,70).
Conclusões: A dapagliflozina apresenta benefícios substanciais na redução da pressão arterial, HbA1c e peso corporal em pacientes com diabetes tipo 2. Embora o risco de hipoglicemia tenha aumentado, sua eficácia na gestão do risco cardiovascular e glicêmico destaca seu valor terapêutico, necessitando monitoramento adequado para maximizar os benefícios.
