Introdução:A cardiopatia chagásica crônica (CCC) é uma das complicações mais prevalentes da Doença de Chagas (DC), infecção causada pelo protozoário Trypanossoma cruzi, representando aproximadamente 30%dos indivíduos infectados. Apesar de um avanço no controle vetorial da DC, ainda há desafios no controle da transmissão, sobretudo oral e congênita, representando um problema de saúde pública. Segundo o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), a CCC representou 83% dos óbitos por DC na cidade de São Paulo na última década, exigindo atenção especial para o diagnóstico precoce e o tratamento adequado a fim de reduzir a progressão do quadro e suas complicações. Portanto, devido à relevância do quadro epidemiológico, se faz necessário compreender o perfil de mortalidade por cardiopatia chagásica congênita na última década a fim de avaliar o impacto das estratégias de prevenção e das políticas de saúde pública em relação à Doença de Chagas. Métodos:O estudo elaborado trata-se de uma análise epidemiológica, descritiva e transversal. Os dados expostos foram obtidos através do banco informativo de saúde DATASUS (TABNET) entre os anos de 2014 a 2024, do município de São Paulo utilizando as variáveis cor, sexo e faixa etária.Resultados:Durante o período analisado, houve 2.477 óbitos por CCC no município de São Paulo, sendo observada uma redução progressiva de 33,5% dos óbitos ao longo da década. No que se refere à raça, os brancos foram os mais acometidos (48,6%), seguidos por pardos (34,6%), negros (14,6%) e amarelos (0,8%). Quanto ao sexo mais prevalente, as mulheres representaram 51,5% dos óbitos totais. Acerca da faixa etária, os mais afetados foram indivíduos com 75 anos ou mais, representando 20,9% dos óbitos durante o período.Conclusões: A taxa de mortalidade por cardiomiopatia chagásica crônica no município de São Paulo diminuiu entre os anos de 2014 a 2024. A incidência de óbitos foi maior em indivíduos brancos, homens e idosos acima de 75 anos. É provável que a redução da mortalidade observada neste estudo esteja relacionada desde à ações que reduzem a contaminação vetorial em zonas endêmicas, até melhorias no diagnóstico e acompanhamento clínico. Produções científicas do ponto de vista qualitativo devem ser estimuladas para orientar políticas públicas em saúde que possam contribuir para um cenário ainda mais favorável.
