Introdução: A oclusão do tronco de coronária esquerda (TCE) é um evento de alta mortalidade intra-hospitalar e de baixa prevalência, representando de 4 a 7% dos eventos coronarianos de IAM. Caso clínico: Homem, 40 anos, diabético, transferido de outro serviço dia 08/04/2023 por infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCSST) de parede anterior extensa, com 20h do início da dor e com instabilidade hemodinâmica, em uso de drogas vasoativas (DVA) e história de trombólise, sem critérios de reperfusão, 10h antes. A cineangiocoronariografia foi realizada de imediato e evidenciou dominância direita e oclusão total de TCE, tratada com angioplastias com stents farmacológicos de TCE e artéria descendente anterior (DA), trombólise intraluminal e aspiração de trombos, com sucesso parcial, mantendo fluxo lentificado na DA e oclusão de artéria circunflexa. Realizado implante de balão intraórtico (BIA). Evolução favorável, com suspensão das DVA e retirada de BIA em 3 dias. Fração de ejeção de ventrículo esquerdo rebaixada ao ecocardiograma (37%), com acinesia apical e dos segmentos médios das paredes septal à anterior. Alta dia 19/04/2023 com recusa de novo estudo coronariano e com terapia otimizada para insuficiência cardíaca. Discussão: A taxa de mortalidade de acometimento de TCE no IAMCSST é muito alta, entretanto, pacientes que sobrevivem à internação apresentam taxa de sobrevida elevada no primeiro ano, chegando a 92% em 1 ano e 67% em cinco anos de follow-up. A dominância coronariana, em casos de lesão de TCE deve ser considerada, pois o prognóstico do paciente pode estar intimamente ligado à presença de circulação colateral e à dominância direita. O tratamento percutâneo na fase aguda do IAMCSST representa uma opção segura e está indicada logo nas primeiras horas do seu diagnóstico, sendo o tempo médio ideal para abordagem de até 180 minutos de sintomas, porém em casos de instabilidade clínica, esta se faz necessária, independente do tempo de evolução do quadro. Em nosso relato, o paciente com evolução de 20 horas após IAMCSST, em choque cardiogênico, demonstra que apesar da gravidade do caso e apresentação tardia, a intervenção percutânea foi determinante para uma evolução favorável, resultando em alta hospitalar após 11 dias. Conclusão: Oclusão de TCE é um evento raro, de alta mortalidade, com alto risco de choque cardiogênico ou falência cardíaca e necessidade de abordagem precoce, independente de tempo de evolução se instabilidade clínica, com alta porcentagem de sobrevida no primeiro ano pós-evento.