Introdução: A avaliação geriátrica ampla (AGA) é uma abordagem multidimensional que aprimora a avaliação clínica de idosos, contribuindo para a predição de desfechos adversos e decisão da melhor abordagem terapêutica. Os aspectos avaliados podem incluir fragilidade, funcionalidade, cognição, humor, mobilidade, estado nutricional e suporte social. A prevalência de fragilidade varia conforme os instrumentos utilizados, populações e ambientes, sendo cerca de 10% em idosos não institucionalizados e entre 14,3% e 79,6% em serviços de saúde. Este estudo tem como objetivo avaliar a aplicação da AGA em pacientesidosos cardiopatas em ambulatório de cardiogeriatria de serviço terciário de São Paulo. Métodos:Estudo transversal, de setembro de 2023 a dezembro de 2024, com inclusão consecutiva de 118 pacientes acima de 70 anos, atendidos em ambulatório e submetidos a AGA, incluindo teste de sentar e levantar da cadeira, Timed Up and Go, fragilidade (escala FRIED), entre outros. As variáveis quantitativas foram apresentadas em forma de média e desvio padrão, com valores expressos em percentuais. Resultados:A idade média foi de 79,5 anos (+-5,86), sendo 58% mulheres. As comorbidades mais prevalentes foram hipertensão arterial (95,7%), dislipidemia (77,9%), diabetes (43,2%) e insuficiência cardíaca (39,8%), com média de 6 (+-1,87) doenças concomitantes. A polifarmácia foi amplamente observada (97,4%) com média de 7 (+-1,93) medicações por paciente. Pelos critérios de FRIED, 44% dos pacientes foram considerados frágeis, 43,2% pré-frágeis e 12,7% robustos. Os itens de maior impacto foram exaustão (47,4%), redução da força de preensão palmar (47,4%), baixa atividade física (40,6%), perda de peso (36,4%) e redução da velocidade de marcha (30,5%). A força de preensão palmar média foi de 19,9 Kgf (+-6,61) e a velocidade média de marcha foi de 5,2 seg (+-2,86). No teste de levantar e sentar, 33,4% tiveram desempenho alterado e 10,2% não conseguiram realizá-lo. No Timed Up and Go, 5,9% apresentaram alteração e outros 5,9% não conseguiram concluí-lo. Além disso, 22,8% dos participantes relataram quedas nos últimos 12 meses, com média de 1,45 quedas por paciente. Conclusão: A AGA mostra-se como ferramenta adicional importante na avaliação clínica de idosos com doença cardiovascular, podendo fornecer elementos novos e fundamentais para melhor decisão terapêutica. A identificação precoce da fragilidade e das alterações funcionais permite abordagem personalizada, podendo reduzir riscos de quedas, hospitalizações e desfechos adversos.