Introdução: O infarto do miocárdio sem doença coronariana obstrutiva (MINOCA) é uma condição clínica complexa, caracterizada por infarto agudo do miocárdio (IAM) sem obstrução coronariana significativa na angiografia. É um diagnóstico de exclusão, com causas multifatoriais que exigem avaliação clínica detalhada para manejo adequado. Os sintomas de MINOCA não diferem significativamente do IAM por Doença arterial coronariana (DAC) obstrutiva, exigindo que todos os pacientes sejam inicialmente tratados como síndrome coronariana aguda (SCA). O MINOCA representa um desafio diagnóstico e terapêutico devido à variedade de causas subjacentes, como disfunção microvascular, espasmo coronariano ou miocardite. Investigação adicional, com ressonância magnética cardíaca (RMC) é crucial para identificar o mecanismo fisiopatológico e orientar o tratamento.
Objetivo: Explanar sobre MINOCA em um paciente internado em um serviço de referência em cardiologia em Fortaleza, Ceará. Metodologia: Revisão do prontuário e relato de caso de um paciente acompanhado no serviço de cardiologia com diagnóstico de MINOCA por disfunção microvascular. Relato do Caso: Paciente do sexo masculino, 45 anos, ex-etilista, ex-tabagista e ex-usuário de cocaína, apresentou dor torácica retroesternal aguda com irradiação para a mandíbula e dispneia com delta T de 5 horas. O eletrocardiograma (ECG) mostrou supradesnivelamento do segmento ST em parede anterior e a troponina ultrassensível estava elevada (1.283 ng/L). A angiografia coronária não revelou lesões obstrutivas, mas evidenciou disfunção sistólica do ventrículo esquerdo (VE) e insuficiência aórtica acentuada. O ecocardiograma transtorácico (ECOTT) mostrou disfunção sistólica leve (FEVE de 50%), hipocinesia moderada da parede posterior e inferior do VE, e estenose aórtica com membrana subaórtica. A RMC revelou infarto do miocárdio anterior medioapical, obstrução microvascular ("no-reflow") e trombo apical, com FEVE de 35% (Figura 2). Durante a internação, o paciente apresentou sorologias positivas para sífilis e HIV, iniciando tratamento adequado. O diagnóstico final foi MINOCA por disfunção microvascular diagnosticado por ressonância. Após terapia medicamentosa otimizada, indicado alta hospitalar. Conclusão: Este caso ilustra a complexidade do diagnóstico e manejo do MINOCA, destacando a importância de investigação complementar para elucidar a etiologia e guiar o tratamento adequado.